E no Rumo do Meu Sangue

Festival Olhar de Cinema: E no Rumo do Meu Sangue

4.1

Em pouco mais de 4 minutos, o realizador Gabriel Borges reúne imagens de filmes nacionais do Cinema Novo e as reorganiza, trazendo novos sons também. Entre os cortes e mesclas de produções do passado, a figura de Zózimo Bulbul (Alma no Olho) é o centro desta narrativa recriada por Borges. Nesta apropriação, a produção consegue trazer um debate sobre racismo e o audiovisual para o contemporâneo.

Na verdade, a marca deste curta-metragem pode ser, justamente, a discussão do que se foi atingido em termos de representatividade e representação e quais o alcance das obras deste período, qual a efetividade na construção deste olhar do público. O maior ganho de E no Rumo do Meu Sangue é esta multiplicidade de questionamentos que surgem em breves minutos de projeção, através desta montagem de cortes secos e vozes de atores do período.

Ao intercalar os gestos de Zózimo, que possui apenas uma personagem ocupando o ecrã e com a câmera parada que o observa, com outras sequências de mais movimentos, enquadramentos e ações coletivas há uma impressão de pluralidade e criação de ritmo que Borges consegue em sua montagem. Dentro deste contexto, a última camada, que vem para fomentar o discurso que Borges procura imprimir, se trata destes depoimentos de radialistas, impregnados de racismo em suas falas.

A força dos olhares e corpos que se movimentam na tela cresce, pois demonstra que aquele espaço foi e continua sendo também de resistência e lutas. No entanto, há um detalhe que escapa Gabriel Borges que é o desfecho do enredo criado por ele, que fica um tanto frouxo. Apesar do último quadro dialogar com o primeiro, o ciclo de E no Rumo do Meu Sangue se encerra sem que a trama tenha chegado a tal momento.

Direção: Gabriel Borges

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