O Último Duelo

Crítica: O Último Duelo

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Nada melhor do que ter um drama épico de qualidade chegando aos cinemas e mostrando que um diretor específico ainda tem toda a energia neste tipo de gênero. Ridley Scott (Alien: Covenant) certa feita nos presenteou com Gladiador, um filme vencedor de 5 estatuetas do Oscar e que estabeleceu um nível bem alto aos seus sucessores. Então não é sem expectativa que chegamos para assistir O Último Duelo.

Neste épico, somos apresentados a Jean de Carrouges (Matt Damon, Ford vs. Ferrari), um cavaleiro que busca sua ascensão e reconhecimento perante a corte, sendo extremamente fiel e dedicado. Em um acordo, ele acaba casando com a belíssima Marguerite (Jodie Comer, Killing Eve). Carrouges tem ainda um grande amigo, o ganancioso escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver, História de Um Casamento). O que parece ser uma história que vai pairar sobre a disputa entre os homens, acaba se tornando uma narrativa sobre o subjugamento da mulher na época e o quanto a sociedade a tratava como escória.

O filme é dividido em três capítulos, sendo cada um contado por uma parte deste trio mencionado. Logo o espectador percebe que será apresentado a perspectivas diferentes do mesmo fato e como as pessoas interpretam a situação de maneira muito distinta, a partir de seus comportamentos e personalidades.

Em uma viagem de campanha em nome do Rei, Jean deixa sua esposa em casa, ao lado de mãe e funcionários. Quando eles vão na feira da cidade, Marguerite acaba sendo estuprada por Le Gris. O que se sucede é sua tentativa hercúlea de provar que não teve culpa sobre o ato e que foi apenas vítima da vingança do escudeiro. Ela acaba sendo violentada de diversas formas, emocionais, sentimentais, etc. É uma obra que se passa no século XIV, mas propõe uma reflexão assustadoramente atual e presente na sociedade que vivemos. Qual o papel da mulher nas decisões que competem a sua própria vida?

O Último Duelo

A escolha de elenco para o trio principal é mais do que acertada. Cada um dá o tom perfeito a intensidade de seus personagens, nos fazendo questionar a todo momento a real versão dos fatos. Damon traz todo o amargor do cavaleiro humilhado e que não tem voz dentro da corte, enquanto Driver flutua entre o galã pernóstico e simpático. Ambos nos convencem de suas versões e o O Último Duelo tem esse elemento de convocar a participação do espectador o tempo todo. Somos mais um personagem de julgamento naquele tribunal.

Mas é Jodie que aprofunda as milhares de nuances da personagem. Ela já vem mostrando sua altíssima qualidade em projetos anteriores, mas dedica sua alma a esse personagem. Silenciosa e falando sempre com os olhos, Marguerite deixa muito mais para as conjecturas do que para os fatos.

Ridley capricha com todo o cenário de locação e figurino impecável. O espectador consegue fazer uma imersão tão bem qualificada quanto o fez em Gladiador. Além disso, a trilha sonora finamente escolhida vem para casar com as cenas de ação bem ensaiadas. Repito sempre sobre a importância de saber quem é quem numa batalha, especialmente neste caso específico, onde a maioria dos guerreiros se vestem igual. São lutas bem realistas e sanguinárias, fazendo uma imersão ainda mais profunda.

O Último Duelo é um épico de alta qualidade nos moldes que somos acostumados. Mesmo que o formato de capítulos possa ser um pouco repetitivo em algum momento, o longa não se furta de explorar as temáticas pesadas e densas. O espectador se vê enlaçado pela história e ansiando constantemente o seu desfecho, que é tão vago quanto precisa ser. Mais um grande acerto de Ridley Scott.

Direção: Ridley Scott

Elenco: Matt Damon, Adam Driver, Jodie Comer, Ben Affleck, Harriet Walter, Alex Lawther, Oliver Cotton, Marton Csokas

Assista ao trailer!

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