Adão Negro (2022)
Dwayne Johnson em cena de "Adão Negro" (2022)

Crítica: Adão Negro

Crítica: Adão Negro
3.7

Após a pandemia de covid-19 ter interferido em diversas produções da DC Films dos últimos anos, Adão Negro chega com pré estreias nos cinemas brasileiros nesta quarta-feira (20) com o objetivo de ser um recomeço para o Universo Estendido da DC. Além dos atrasos causados pelo coronavírus, questões institucionais da Warner Bros. Pictures vêm interferindo no processo criativo e na unidade dos filmes do DCEU. No entanto, o novo longa-metragem inspirado nas hqs da DC parece colocar o universo de volta nos trilhos.

As incertezas que envolviam o Universo Estendido começam a diminuir com a manutenção de Ben Affleck (O Último Duelo, de 2021, e Bar Doce Lar, de 2022) como o Cavaleiro das Trevas e o retorno de Henry Cavill (Missão: Impossível – Efeito Fallout, de 2018, e Enola Holmes, de 2020) ao seu papel de Super Homem, confirmado pelo Dwayne “The Rock” Johnson (Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw, de 2019, e Alerta Vermelho, de 2021) numa premiere de Adão Negro.  Apesar do cancelamento de Batgirl, das polêmicas envolvendo Ezra Miller (Liga da Justiça, de 2017, e Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, de 2022) e do lançamento do Snyder Cut, o novo longa, estrelado por The Rock, traz bons ventos para o futuro do DCEU com uma narrativa redonda, divertida e com cenas de ação surpreendentes.

Quando a cidade de Kahndaq está sob uma ameaça moderna, Adão Negro, antes conhecido como Teth-Adam (Dwayne Johnson), é despertado após 5000 anos de sua última aparição. Enquanto tenta salvar a sua terra natal da única forma que sabe – com fúria e vingança -, a Sociedade da Justiça é convocada para intervir na forma que o suposto vilão está tentando salvar Kahndaq. O encontro não sai como o planejado e os heróis terão que encontrar uma forma de fazer com que Adão Negro entenda o seu papel no mundo e a responsabilidade de seus poderes.

Adão Negro (2022)
Dwayne Johnson em cena de “Adão Negro” (2022)

Um dos principais acertos da produção é o roteiro. Com uma adaptação inteligente e interessante da origem do arqui-inimigo do Shazam, Adão Negro entrega uma narrativa que discute a relação entre neoimperialismo no Oriente Médio e o esvaziamento da dicotomia bem versus mal. Infelizmente a discussão social e histórica sobre as ocupações em países do oriente por nações ocidentais acaba ficando em segundo plano, mas nada que atrapalhe a história. Pelo contrário, é uma grata surpresa perceber que o subgênero esteja se preocupando cada vez mais em trazer discussões atuais e relevantes para suas tramas heroicas.

Quanto ao quesito do bem contra o mal, esse acaba sendo o foco central do roteiro de Adam Sztykiel (Rampage – Destruição Total, de 2018), Rory Haines e  Sohrab Noshirvani. A escolha, apesar de ser comum a diversos filmes de super heróis, é trabalhada de uma forma criativa, graças a presença da Sociedade da Justiça. A interação entre o personagem título e os componentes da Sociedade – em especial com o Doutor Destino (Pierce Brosnan) e o Gavião Negro (Aldis Hodge) – cria uma fluidez no roteiro que conduz o espectador numa jornada intrigante. E, apesar de ser um único longa trazendo duas frentes de apresentação de personagens relevantes para as hqs e para o futuro do DCEU, Adão Negro consegue fazer isso de forma cuidadosa e equilibrada.

Além do elenco coeso e das apresentações do personagens serem agradáveis, as cenas de ação são outro ponto forte de Adão Negro. Apesar do uso um tanto exagerado de slow-motion para impactar o público, a ira do personagem de The Rock é mostrada em cada ataque dele. É importante perceber o cuidado (e a corajosa escolha de subir a faixa etária do filme) ao colocar cenas de luta e mortes mais gráficas. Ao fazer isso, a produção se mostra atenta ao cerne do seu personagem principal e decide priorizar isso, uma vez que a violência define o interior de Teth-Adam. Escolha essa que pode ter sido facilitada pela experiência de Jaume Collet-Serra (Águas Rasas, de 2016, e O Passageiro, de 2018) em trabalhos prévios de terror e suspense.

Adão Negro, com sua trajetória e narrativa singular, parece ser um sinal de que ainda há esperanças para o futuro do DCEU. Para os fãs do personagem título e da DC, o longa é um presente que há muito não se via – inclusive por sua única cena pós créditos. Para os amantes do subgênero, a diversão é garantida do início ao fim, com uma história que consegue se sustentar sozinha, não tem amarras e nem se faz dependente de nenhuma produção prévia. O carisma e a influência de Dwayne Johnson conseguiram fazer com que um filme pandêmico, que passou por refilmagens, se tornasse um farol de esperança.

Direção: Jaume Collet-Serra

Elenco: Dwayne Johnson, Aldis Hodge, Noah Centineo, Sarah Shahi, Marwan Kenzari, Quintessa Swindell, Bodhi Sabongui, Viola Davis e Pierce Brosnan

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