Morte Morte Morte

Crítica: Morte Morte Morte

3.5

No protagonismo de Morte Morte Morte está um grupo de jovens da geração Z. Economicamente privilegiados, eles seguem alguns traços comuns, como a falta de um projeto ou propósito de vida, a relação bitolada que estabelecem entre suas interações nas redes sociais e a forma como se expressam como sujeitos fora delas. É esse grupo que a diretora Halina Reijn escolhe para um slasher que mexe de forma interessante com uma das regras do subgênero tal qual Pânico (1996): a identidade do assassino. Aqui, no entanto, desde o princípio, há uma consciência de todos os integrantes do grupo de que o assassino que os persegue está entre eles. Ao mesmo tempo, o longa representa uma forma inteligente da realizadora repensar a forma como essa geração é retratada na tela, sobretudo entender que alguns dos seus traços podem repensar componentes dramáticos extremamente ricos para a trama de um slasher.

A matança em Morte Morte Morte tem início quando o grupo protagonista inicia uma brincadeira no estilo “assassino e detetive”, que logo se torna realidade. Um dos jovens na casa é assassinado e o responsável pelos crimes só pode estar entre eles, ou seja, o que seria um final de semana de curtição numa casa luxuosa acaba se tornando um intrincado quebra-cabeças que põe personagens e público para pensar em sua resolução: descobrir qual deles tem sido responsável pela matança.

 

Morte Morte Morte

Halina Reijn sabe lidar com o teor absurdo do comportamento daqueles personagens sem perder de vista a escala de tensão crescente na medida em que poucos deles ficam vivos no terceiro ato. Quando o cerco se fecha e as possibilidades de identidade do assassino ficam restritas, Morte Morte Morte fica ainda mais interessante. Melhor ainda é a solução encontrada pelo roteiro escrito por Sarah DeLappe para sua história, um desfecho catártico para o público de uma maneira bem incomum. Há humor em Morte Morte Morte, uma comicidade que pende para a crítica social ao refletir como o principal algoz dessa geração de sobreviventes de um slasher não é nenhum assassino mascarado, mas tudo aquilo que forja a personalidade daquele coletivo de pessoas.

Halina Reijn conta com um grupo de atores interessantes como Rachel Sennott (de Shiva Baby), intérprete da podcaster Alice; Maria Bakalova, a revelação indicada ao Oscar de Fita de Cinema Seguinte de Borat; e Lee Pace, como o “tiozão” atlético do grupo. É verdade que o longa derrapa em alguns momentos da sua condução sobretudo no início e no “miolo” da história, perdendo por vezes um certo ritmo, mas o terceiro ato e a engenhosidade como algumas ideias do filme se apresentam, dialogando a questão geracional com as regras narrativas dos slashers, compensam alguns dos seus deslizes.

Direção: Halina Reijn

Elenco: Amandla Stenberg, Maria Bakalova, Rachel Sennott

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