Especial: O Melhor e o Pior de Hebe – A Estrela do Brasil

Estreou na última quinta-feira, 26, a cinebiografia da apresentadora de TV Hebe Camargo, Hebe – A Estrela do Brasil. O longa é dirigido por Maurício Farias (Verônica), roteirizado por Carolina Kotscho (Flores Raras) e protagonizado por Andréa Beltrão (A Partilha). Durante a exibição, é possível notar que a produção possui extremos de qualidade. De um lado, consegue transmitir a história de uma personalidade importante para a história da televisão do país, buscando não planificá-la. Do outro, exagera na dose do drama.

Há uma falta equilíbrio narrativo e a mão de Kotscho pesa em algumas situações, deixando pouco alívio, o que pode deixar o espectador exausto ao sair da sessão. Pensando nestes  altos e baixos, o Coisa de Cinéfilo traz um especial com o que há de mais positivo e negativo no filme. Para quem quiser ler a crítica, pode vê-la clicando aqui.

O Melhor

Andréa Beltrão: Já era de se esperar que a artista trouxesse um bom desempenho! Com uma carreira de mais de 30 anos, no cinema, no teatro e na televisão, Beltrão é premiada e reconhecida por seu talento. As suas escolhas neste novo papel foram arriscadas, mesmo assim acertadas. A atriz seguiu pelo caminho de representar Hebe Camargo, com seus trejeitos, voz, sotaque e os olhos que piscavam aceleradamente. Apesar da decisão pela representação que, geralmente, esvazia uma interpretação – por deixar que não exista camadas e reste somente um tipo na tela ou no palco -, aqui este não é o caso. Porque a artista equilibra sua construção, indo além desta primeira mão. As intenções textuais e gestuais humanizam Camargo. Ela parece procurar ir além do que o público conhecia e trazer sensibilidade, seja de ternura ou fortaleza, para a sua concepção.

Caracterização de figuras emblemáticas: Outro ponto de destaque positivo fica também no setor de atuação. Na projeção é possível ver pessoas célebres da cultura popular brasileira. Personas que poderiam soar risíveis ou exageradas, como Silvio Santos (Daniel Boaventura), Chacrinha (Otávio Augusto) e Dercy Gonçalves (Stella Miranda). Porém, elas foram colocadas em cena com sutileza e cuidado. A personificação estava presente, mas não foram mostradas caricaturas. Logo, a importância da narrativa não era deixada de lado por um possível estranhamento ou distanciamento que uma interpretação histriônica poderia trazer.

O Pior

Falta de progressão e ritmo: Com a carga dramática – no sentido cênico – já altíssima desde os primeiros planos, Hebe – A Estrela do Brasil peca por sufocar o espectador de intensidade. É notável que a personagem era cheia de vigor, mas isto poderia ser passado de uma forma que o público pudesse se conectar com a história e entender as fases da vida da protagonista que escolheram mostrar. Quando se fala em ritmo e intensidade, é preciso prestar atenção porque se a cena fica “lá em cima” o tempo inteiro tudo se perde e é jogado fora e o tédio – ou algo semelhante – se instala. O longa escolhe pôr uma lente de aumento em tudo e sequências que poderiam ser de clímax dentro do enredo perdem a força, justamente porque situações banais e que servem para ilustrar o cotidiano de Hebe Camargo são postas em tom de apoteose.

Excesso de Plano detalhe:  Talvez, ele seja um equivoco semelhante a questão da intensidade e do ritmo. Planos fechados e demorados em objetos que são utilizados incessantemente sem estarem ali para contribuir com a narrativa chamam a atenção. Em alguns casos, existem diretores que acabam colocando um enquadramento por apelo meramente estético. As situações são discutíveis. No entanto, a quantidade de vezes que o recurso é usado sem propósito é mais uma coisa cansativa para o espectador digerir. Para quê colocar uns 30 segundos de tela de um copo de uísque e desfocar a protagonista, numa cena que procura falar sobre a relação dela com seu marido?