Crítica: Predadores Assassinos

Predadores Assassinos se tornou um dos hits de bilheteria nos EUA em 2019 trazendo um conceito muito simples de narrativa, extensamente explorado em Hollywood em outros exemplares. O filme de Alexandre Aja, diretor cultuado do horror com títulos como Viagem Maldita e Amaldiçoado no currículo, é centrado numa protagonista encurralada pela força da natureza representada por jacarés, que aterrorizam durante uma devastadora tempestade.

No centro da história está Haley, uma nadadora interpretada por Kaya Scodelario, que visita o pai, seu ex-treinador, na casa da família localizada em um pântano. Conforme o temporal vai se agravando, pai e filha passam a viver sob o perigo do ataque de um grupo de jacarés atraídos para o local.

O filme de Aja não tem pretensões mais ambiciosas que o genuíno entretenimento e é por esse compromisso que assume que soa tão esquisito quando sua história se prolonga no drama familiar, “tirando leite de pedra” ao esmiuçar detalhes sobre a relação de pai e filha que, nesse tipo de material, pouco interessam ao espectador, ou quando procura problematizar sua narrativa com uma discussão ambiental. É o tipo de filme que dispensa esse tipo de tratamento e Aja acaba trazendo isso como muleta, tornando Predadores Assassinos menos divertido quanto poderia ser – e em alguns instantes o longa “abraça” de maneira muito genuína o despojamento e a falta de lógica da sua própria narrativa. Há deslizes que podem até ser perdoados pelo teor absurdo do gênero, como o vigor físico dos personagens humanos de tantas investidas dos répteis e até a resistência dos vidros de um box de banheiro em comparação com as janelas e portas da casa onde os protagonistas buscam refúgio e são atacados pelos animais, mas eles acabam evidenciando desnecessariamente implausibilidades que poderiam ser disfarçadas de maneira mais competente.

Recentemente o ótimo Águas Rasas, que trazia a atriz Blake Lively em situação semelhante porém em alto mar ameaçada por um tubarão gigante, foi bem mais competente nesse cinema no qual Predadores Assassinos parece se localizar. Há bons momentos, afinal sempre é divertido ver filmes que trazem esse tipo de situação. No entanto, em Predadores Assassinos, Alexandre Aja parece se dispersar demais com elementos problematizadores da sua premissa (o drama familiar e o discurso ambiental) e também com uma certa plausibilidade na sua própria lógica do absurdo.

Direção: Alexandre Aja
Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper, Morfydd Clark, Ross Anderson, Jose Palma, George Somner, Anson Boon, Ami Metcalf, Colin McFarlane

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