Especial Oscar 2020: Melhor Filme

Especial Oscar 2020: Melhor Filme

A cerimônia do Oscar 2020 já acontece neste domingo, 09 de fevereiro, e o grande questionamento é: qual será o grande vencedor da noite? A categoria mais aguardada é, certamente, a de Melhor Filme, que consagra aquela obra escolhida. Temos 9 indicados este ano, de diferentes estilos, produções e gêneros. Pensando em dar nossos pitacos sobre quem deve sair vencedor da noite, o Coisa de Cinéfilo traz este Especial Oscar 2020: Melhor Filme para falar um pouco mais sobre as chances de cada longa na corrida.

Você pode clicar nos nomes dos filmes para conferir as nossas críticas!

Vamos lá conferir?

Ford vs Ferrari
Ford vs Ferrari

Esta película é uma incógnita nesta lista de indicação. Trata-se da história de disputa automobilística entre a montadora Ford e a Ferrari, com uma enorme picuinha de ego de homens brancos e héteros disputando para ver quem tem o carro mais potente. Uma grande analogia sobre as suas partes íntimas, é bem verdade. É um filme ruim? Não. Mas tal qual ele, existem vários melhores, como é o caso de Rush – No Limite da Emoção. Não faz o menor sentido estar aqui e poderia muito bem ter sido substituído por Nós.

O Irlandês
O Irlandês

Este é outro filme que, na minha humilde opinião, está sendo muito mais enaltecido do que merece. Assim como falei do longa anterior, iguais a esse temos vários de qualidade muito superior. Martin Scorsese está completamente dentro de sua zona de conforto, sem experimentar ao menos ir para as beiradas. É mais um filme sobre a máfia, com uma quase ausência de personagens femininas, ritmo instável e longo demais. Particularmente, sou fã de filmes monótonos. Mas esse se estende além do necessário, cansando o espectador. Acredito que seja aquele tipo de filme que tem várias indicações (neste caso, O Irlandês soma 10) e quase nenhuma estatueta de fato.

Jojo Rabbit
JoJo Rabbit

Este filme é uma gracinha! Seguindo a linha de produções de Wes Anderson, como o ótimo Moonrise Kingdom, o diretor Taika Waititi foca na inocência infantil para falar de temas pesados como o nazismo, holocausto e a morte. Como uma brincadeira, ele vai salteando o espectador com questionamentos relevantes e cuidadosos, sem parecer que está relativizando qualquer coisa. Embora seja um ótimo longa e esteja indicado em 6 categorias, certamente não vai levar a principal de Melhor Filme.

coringa
Coringa

Está aí um filme que foi indicado muito mais pelo conjunto da obra do que pela qualidade do resultado em si. Coringa é um excelente filme, especialmente pela atuação única e memorável de Joaquin Phoenix (a quem damos a certeza de levar a melhor na categoria de Melhor Ator). No entanto, analisando as partes individualmente, vemos que existem muitos problemas ali, especialmente no quesito ritmo e harmonia. Sendo assim, a chance de ganhar nesta categoria em questão é relativamente baixa.

Adoráveis Mulheres
Adoráveis Mulheres

Este longa não teve a notoriedade que merecia, tanto na premiação quanto nos cinemas em si. Uma excelente releitura de uma obra que já foi adaptada várias vezes e que sempre parece oferecer mais ao público. Com excelente escolha de elenco, que trabalha equilibrado e orgânico, a diretora Greta Gerwig (Lady Bird – A Hora de Voar) merecia ao menos a indicação na sua categoria. Isso inclusive gerou uma justa polêmica sobre a ausência de nomes femininos na lista de indicados. Como Melhor Filme, a chance é pequena, mas já vale a indicação.

História de um Casamento
História de um Casamento

Agora começamos a falar de filmes que efetivamente tem potencial de levar a melhor. História de um Casamento é um longa cuidadosamente forte. Ele vai aos poucos caminhando na rotina da vida de um casal e surpreendendo o público com reflexões fortes e intensas. Na naturalidade de tudo, somos golpeados com temas pesados, especialmente ao tratar do amor nocivo. Foi um filme que me trouxe grande impacto, especialmente com as atuações de Scarlett Johansson e Adam Driver. Ambos estão merecidamente honrados nas indicações de atuação principal, já que estão completamente entregues aos personagens nas cenas.


Era Uma Vez Em… Hollywood

Aqui Quentin Tarantino dividiu arduamente a opinião do público e dos críticos. Enquanto uns amam e enaltecem, outros acham que é o pior trabalho do diretor. Particularmente, estou na primeira equipe. Era Uma Vez Em… Hollywood nos apresenta um Tarantino fora do seu usual, que foca muito mais em sangue e sofrimento do que explorar o emocional e a intensidade psicológica de seus personagens. Ele consegue nos oferecer tensão desde o começo do longa, sustentando até o final e nos apresentando opções cuidadosas com as figuras da vida real que foram envolvidas.

Sim, é um filme que depende de conhecimento prévio e acredito que foi esse o motivo que dividiu tanto o público. Se você conhece a história de Sharon Tate e da família Manson, o filme consegue cumprir o objetivo dele de tensão e etc. Caso você não faça ideia da história, de fato, o longa torna-se raso. Ainda assim, é um forte candidato a levar a melhor.

Parasita
Parasita

Estamos falando aqui de um dos melhores longas que surgiram nos últimos 10 anos. Parasita é o tipo de filme que não consegue se descrito por quem assiste. É ação, terror, drama? É impossível situar ele em um único gênero, quando ele consegue passear tranquilamente por tantos. Quando questionada, eu sempre dizia que era um filme sobre questões sociais. E qualquer coisa além disso seria spoiler pesado. Esta produção coreana não poupa o espectador da realidade que ele precisa participar. É escancarada e ao mesmo tempo sutil, a forma como o diretor Bong Joon Ho trata das diferenças sociais e de suas implicações nas vidas das pessoas.

Seria mais do que merecido se ele ganhasse nas duas categorias, tanto de Melhor Filme, quanto de Melhor Filme Estrangeiro. Na prática, sabemos o quão improvável isso é, já que a Academia deve se dar por satisfeita em conceder estatueta em apenas uma dessas categorias. Ainda assim, fica aqui o meu registro do quão maravilhoso, surpreendente e merecido seria se Parasita levasse este prêmio para casa.

1917
1917

Chegamos ao último filme, que é aquele que eu efetivamente acredito que vá ganhar na categoria de Melhor Filme. 1917 é um dos melhores longas de guerra que surgem em muitos anos. Sem exageros, ele segue com poucos personagens traçando os horrores da consequência de uma guerra onde não há vencedores. O fabuloso diretor Sam Mendes (que acredito que tem altíssimas chances na categoria de Melhor Direção) optou por fazer o longa completamente em plano sequência. Ele utiliza as câmeras 100% a seu favor, conseguindo fazer um trabalho de imersão. O público efetivamente sente que está dentro do filme, chegando a quase sentir os cheiros.

Intenso e sem rodeios, ele causa uma tensão constante, mas nos presenteiam com belíssimas cenas ao longo de toda aquela desgraça. A fotografia é outro elemento de força do filme, que finaliza sem excessos. Não há tempo para reflexões na guerra e é isso que Sam propõe ao longo da trama. Uma vez que Parasita tem menos chances nessa categoria, 1917 é a melhor e mais justa escolha para levar o prêmio mais aguardado da noite do Oscar 2020.