Contra o Mundo (2024)
Bill Skarsgård em cena de 'Contra o Mundo' (2024)

Crítica: Contra o Mundo

Crítica: Contra o Mundo
3.4

O cinema de ação é um gênero que movimenta milhões de dólares anualmente e tem se mostrado cada vez mais aberto para histórias diferentes. Interseções de estilos em produções, como o cinema de Quentin Tarantino (Os Oito Odiados, de 2016, e de Era Uma Vez… Hollywood, de 2019) que combina os elementos básicos da ação com um cinema de drama ou  cômico, tem crescido e se tornado cada vez mais presentes. Esse não é o caso de Contra o Mundo.

O novo filme estrelado por Bill Skarsgård (John Wick 4: Baba Yaga, de 2023) coloca os clichês mais básicos de um longa-metragem do gênero e o replica, tanto na estética, como em seu roteiro. Aqui o público vai vislumbrar uma história de vingança como tantas outras já conhecidas desse tipo de cinema – os últimos filmes do Liam Neeson (Vingança a Sangue Frio, de 2019, e A Chamada, de 2023) que o digam. O ponto alto de Contra o Mundo, no entanto, é a sua capacidade de pirar dentro desse universo tão básico.5

O longa, dirigido por Moritz Mohr, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25) para competir por essa vaga do entretenimento de ação que tanto rende em bilheteria. Sem muitos critérios e camadas, o objetivo de Contra o Mundo é puramente divertir através de números de ação milimetricamente calculados. O elenco estelar também ajuda a chamar o espectador. Além de Bill, a produção ainda conta com nomes como Jessica Rothe (A Morte Te Dá Parabéns 2, de 2019), Michelle Dockery (Downton Abbey 2 – Uma Nova Era, de 2022), Famke Janssen (Busca Implacável 3, de 2014), Sharlto Copley (Malévola, de 2014), Brett Gelman (Stranger Things, desde 2017), Isaiah Mustafa (It – Capítulo 2, de 2019) e Andrew Koji (G.I. Joe Origens: Snake Eyes, de 2021).

Em Contra o Mundo, o Garoto (Skarsgård) perdeu sua família em um violento ano de Abate e foi torturado, ficando mudo e surdo. Depois de anos de treino, ele se sente preparado para vingar a morte de sua família que foi executada pelas mãos da totalitária dinastia van der Koy, comandada por Hilda (Janssen) e seus irmãos, Melanie (Dockery) e Gideon (Gelman). O problema é que essa aventura vai ser ainda mais sangrenta, dolorosa e confusa do que o Garoto esperava.

Contra o Mundo (2024)
Jessica Rothe em cena de ‘Contra o Mundo’ (2024)

O que a produção peca em inovação e inventividade narrativa, ela investe em cenas de ação maravilhosamente coreografadas, um humor insano e em sangue (muito sangue). Contra o Mundo é uma espécie de shake matinal de ação. É como se os roteiristas Tyler Burton Smith e Arend Remmers tivessem colocado no liquidificador uma mistura da violência gráfica e das referências a videogames como Mortal Kombat, a ideia distópica e exagerada de Sucker Punch – Mundo Surreal (2011) – só que bem executada -, a sanguinolência e o cinema do absurdo de Kill Bill (2003-04) – e vários outros filmes do Quentin -, a lógica foucaultiana da punição televisionada de Jogos Vorazes (2012-2023) e a ação cômica, hiperbólica e visual de projetos recentes como Trem-Bala (2022) e a franquia John Wick (2014-).

Esse caldeirão é o resultado que chega ao público e é garantia de diversão. Talvez essa seja a palavra que melhor define a sensação gerada por Contra o Mundo. A experiência é insana, exagerada e repleta de excessos, mas, para quem se entrega à loucura, o divertimento é garantido. Nesse contexto, a ação, a pancadaria e os litros de sangue fazem valer as quase 2h de entretenimento, ainda que não tenha muita criatividade e inovação narrativa.

O elenco, por sua vez, tem poucos momentos para brilhar. Ainda que seja divertido e alguns atores consigam tirar bom proveito disso, o resultado para o público é limitado nesse sentido. A própria estrela da trama não tem muito o que fazer além de caretas e olhares – ainda que o faço bem. Talvez um destaque vá para as performances de Michelle Dockery, Brett Gelman e Sharlto Copley em Contra o Mundo.

O trio faz parte da dinastia que comanda a população com o suposto ‘punho de ferro’, mas os três trazem para a trama um timing cômico sem igual. Sharlto, apesar de ter uma participação menor, consegue marcar o público com seu personagem completamente exagerado. Michelle e Brett, por sua vez, acompanham o espectador até os momentos finais do longa e conseguem criar momentos hilários com seus desmandos e chiliques. Afinal, nada melhor do que uma família totalitária que age como um bando de crianças mimadas para tirar boas risadas do público. Mesmo com um roteiro pouco inventivo, é impossível dizer que Contra o Mundo não tem bons momentos de humor ácido e escrachado com um desses personagens.

Dessa forma, a produção vem para ser um momento de diversão para o espectador. É um filme exageradamente violento e insano, o que faz com que os absurdos e delírios mostrados em cena se tornem dignos de riso. A ação é bem coordena e cria uma adrenalina para os acontecimentos, mesmo que esses sejam previsíveis. Assim, Contra o Mundo é para aqueles que queiram espairecer a mente e dar altas risada, para isso, basta mergulhar de cabeça na loucura do filme.

Direção: Moritz Mohr

Elenco: Bill Skarsgård, Jessica Rothe, Michelle Dockery, Famke Janssen, Sharlto Copley, Brett Gelman, Isaiah Mustafa e Andrew Koji

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