Rivais (2024)
Zendaya em cena de 'Rivais' (2024)

Crítica: Rivais

Crítica: Rivais
4.7

O diretor, produtor e roteirista italiano Luca Guadagnino (Me Chame Pelo Seu Nome, de 2017, e Até os Ossos, de 2022) está de volta aos cinemas. Desta vez, ele aposta em um romance esportivo frenético e sensual que testa os limites da manipulação. Rivais chega aos cinemas nesta quinta-feira (25) com a promessa de ser um sucesso de público, crítica e um forte candidato na campanha da próxima temporada de premiações.

Estrelado por Zendaya (Duna: Parte 2, de 2024), Mike Faist (West Side Story, de 2021) e Josh O’Connor (Emma, de 2020), Rivais não é como qualquer outro filme esportivo. O tênis é utilizado como pano de fundo e medidor de dinâmicas do texto e dos personagens. O cerne da narrativa é justamente a forma como os três se relacionam e agem. Assim como em uma partida, a relação deles ao longo dos anos é guiada por desejo, calculismo e jogos mentais.

Em Rivais, Tashi Duncan (Zendaya) é uma tenista em ascensão que se torna alvo de disputa de dois amigos de infância, Patrick Zweig (Josh O’Connor) e Art Donaldson (Mike Faist). Após um acidente durante uma partida, Tashi é obrigada a parar de jogar e se torna treinadora de Art, seu futuro marido. Entre idas, vindas e mentiras, os três se reencontram, anos depois, em um torneio onde Art e Patrick, ex-namorado de Tashi, disputarão (de novo) mais do que apenas uma partida de tênis.

Como de costume, Luca Guadagnino utiliza os elementos constitutivos da narrativa de Rivais para criar as imagens de um relacionamento. Desta vez, contudo, é um frenético e traiçoeiro triângulo amoroso. A partir do roteiro de Justin Kuritzkes, o cineasta cria uma disputa em tela extremamente sensual. Os embates pela personagem de Zendaya, os olhares, os close-ups, os planos-detalhe, a montagem dinâmica, a contraposição dos dois atores; todos esses são elementos que constituem essa cama de gato pulsante que é o relacionamento do trio.

Ainda que seja um filme esportivo sobre o relacionamento dos três personagens principais, Rivais é rápido, preciso e viciante. O longa usa a dinamicidade de uma partida de tênis de altíssima qualidade para dar ritmo e força a sua história. Aliás, como o próprio personagem de Mike Faist fala, o jogo posto em tela é maior do que o esporte: “Não parecia nem tênis. Parecia um jogo completamente diferente”. Esse momento sintetiza o verdadeiro cerne do filme: o jogo de verdade é o desejo que te move a disputar por determinado objetivo.

Rivais (2024)
Zendaya e Josh O’Connor em cena de ‘Rivais’ (2024)

E, se tem uma coisa que não falta na produção, é entrega. O público sente o desejo entre os personagens, sente a disputa fervorosa pela partida, pela fama e pelos corpos. O trio está espetacular. A cada cena e mergulho na vida e relação dos três, o público fica cada vez mais hipnotizado. A narrativa de Rivais é inteligente, sensual e extasiante. A única opção é sair da sessão completamente perturbado(a) e apaixonado(a) por Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor.

Tanto Mike como Josh  se contrapõem de forma potente durante a sessão. Os dois estão muito bem em cena e merecem reconhecimento por isso, agora o que Zendaya entrega é de outro mundo. Ela está hipnotizante. A atriz nunca esteve tão poderosa, sexy e cheia de si. Tudo isso criado com propósito e respeito, ainda mais que ela é uma das produtoras do longa. Mas a história de Rivais é sobre isso: uma constante disputa material, carnal e de status, comandada por Tashi. 

A personagem de Zendaya tenta, o tempo inteiro, centralizar e controlar as disputas e dinâmicas estabelecidas pelo trio com sua inteligência diabólica e atração magnética. Ela não apenas consegue, por boa parte do filme, fazer isso com os dois personagens masculinos como também faz isso com o público. Afinal, o trio central de Rivais têm atitudes questionáveis ao longo da produção, mas Tashi nos encanta e hipnotiza ainda assim.

O novo projeto de Guadagnino se apresenta como uma êxtase do poder. A sexualidade e sensualidade da disputa por afeto elevada à sua máxima potência. Tudo isso envelopado por trabalhos magníficos dos departamentos de arte e fotografia. As imagens, os ambientes e figurinos são criados para colocar o público neste lugar de desejo.

As disputas, as trocas, as manipulações e as experiências do que é mostrado em tela se misturam com os desejos de quem está observando a narrativa. Ao final da sessão, o espectador está tão investido nos três como se fosse um dos personagens. Rivais se despede com um grito de desejo tão potente como um saque de tênis que acerta o público e marca todos os pontos que precisa.

Direção: Luca Guadagnino

Elenco: Zendaya, Josh O’Connor e Mike Faist

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