Especial Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante

Domingo, 09, é dia da cerimônia do Oscar 2020. Com 38 longas na lista de indicados, a premiação seleciona dez intérpretes femininas para concorrer em duas categorias: Melhor Atriz e Melhor atriz coadjuvante. O anúncio de todos os concorrentes saiu no dia 13 de janeiro e muitas surpresas apareceram ou não. A quantidade de nomes deixados de lado e a falta de representatividade foi algo apontando durante o último mês. No entanto, alguns trabalhos que aparecem na disputa merecem um pouco de atenção.

Pensando nisso, o Coisa de Cinéfilo resolveu trazer um especial, dividido em duas partes, analisando as atuações de cada uma das artistas no páreo. A primeira publicação está aqui! Agora, confira a segunda metade do texto!!

Laura Dern (História de um Casamento)

Favorita na corrida para o prêmio, Dern vive uma advogada invencível e obstinada. A sua personagem não traz nenhum elemento daqueles mais óbvios sobre uma boa atuação, é tudo bastante sutil e suas cenas não são muitas e nem longas. Talvez, esse troféu possa ser considerado como um conjunto da obra ou uma celebração por sua performance na série Big Little Lies, onde ela faz algo bem semelhante, só que durante mais tempo.

Kathy Bates (O Caso Richard Jewell)

Aqui o publico pode ver outra interpretação sutil, porém de uma forma um tanto mais óbvia. Com firmeza em seu tom de colorido de texto, os sentimentos da personagem de Bates são claros durante toda a sessão. Os detalhes delicados, como as variações de grave e agudo são os mimos advindos de uma atriz experiente e que revela o seu domínio em cena. Kathy encarna a mãe um tanto boba e tipicamente estadunidense. As camadas, no entanto, não ficam de fora e ela mesmo sendo um tanto ingênua tem pulso e reviravoltas tonais. As chances de vencer são pequenas, mas é um belo reconhecimento por um trabalho minucioso.

 

Especial Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante
Florence Pugh (Adoráveis Mulheres)

Como já foi dito aqui no Coisa de Cinéfilo, Florence trouxe um trabalho impecável neste filme. A sua construção é extremamente pensada. É possível enxergar a mudança de idade de sua Amy e isso não vem de maquiagem ou troca de atriz, como na versão de 1994. Pugh tem consciência vocal e corporal em seu trabalho e revela, inicialmente, um jeito infantil e mimado, passando gradualmente para a maturidade. A intérprete vai adicionando o grave ao tom da voz e criando uma postura mais retilínea. O resultado é que o público pode sair com uma sensação de que viu uma menina adolescente, no começo, uma jovem  confusa e preocupada com seu futuro, no meio da obra, e uma artista, professora e mãe, no final da projeção. A possibilidade da atriz ganhar é mínima, porém seria uma zebra aceitável. (Favorita da autora deste texto).

 

Especial Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante

Margot Robbie (O Escâdalo)

Já se é sabido do potencial e talento da Margot. Em trabalhos anteriores como em Eu, Tonya e Duas Rainhas, ela demonstrou a sua versatilidade e sua consciência espacial – é incrível ver como a atriz consegue ocupar o cenário e a tela com criatividade, utilizando objetos de cena, fitando eles, colocando o ambiente a favor da contracena etc. No entanto, não é isto que acontece aqui. Por algum motivo, a sua Kayla é plana. Por mais que o roteiro pareça procurar dar certo rumo surpreendente para ela, o público muito possivelmente vai sacá-la rapidamente, todos já viram aquela representação no cinema.

Ela é uma menina tida como boa moça, mas possui elementos conservadores nela, ainda que detalhes mostrem que este fator não é tão forte assim. Porém, tudo isto está apenas no texto. Na atuação, a moça é ainda menos que isso. Ela está um tanto robótica, presa em si mesma e passa até a sensação de desconforto. No domingo, a estatueta não deve ficar com ela, porém a Academia gosta de uma jovem, branca e loira. Como a categoria está preenchida disto, as chances dela ganhar acabam não sendo nulas.

Scarlett Johansson (Jojo Rabbit)

A sátira presente em todo filme perpassa a interpretação de Scarlett. Com um sotaque acima do tom, intencionalmente, a atriz também criou alguns trejeitos que geralmente aparecem em personagens arquetípicas alemãs. Ainda que não supere seu papel em História de um Casamento, sua indicação é acertada e ela poderia até levar o prêmio se não houvesse uma concorrência tão forte quanto a deste ano.