Especial Cinema Nacional

Especial Cinema Nacional: Atrizes brasileiras que você precisa conhecer

Em 2019, as notícias sobre o cinema brasileiro têm sido intensas. De um lado, questões como cortes de verbas na Ancine, censuras não disfarçadas; do outro, resistência e ocupação de salas de exibição. Um dos mais célebres filmes do ano, Bacurau, arrecadou quase 10 milhões de reais, até a primeira semana de outubro, de acordo com o site da Rolling Stone.

Junto a este elemento, os cinemas soteropolitanos contaram, logo no início do mês, com doze projeções nacionais, sendo cinco estreias (Greta, Luna, Morto Não Fala, Amor Assombrado e Aparecida – Um Musical). Por fim, a Bahia ainda recebeu e receberá no estado inteiro festivais de cinema que fomentam o audiovisual brasileiro, como o Panorama Internacional Coisa de Cinema, que acontece em Salvador, entre os dias 30 de outubro até 06 de novembro.

Ufa! Pensando em tudo isto, o Coisa de Cinéfilo resolveu reunir especiais com elementos importantes e/ou curiosos do cinema do Brasil. A primeira lista tem o foco em grandes atrizes do país que estão presentes em diversos curtas e longas-metragens no mundo inteiro. O talento brazuca é vasto e por este motivo a procura da lista foi fazer com que nomes conhecidos pelo público especializado se alastrassem pelo consumidor mais geral. Confira!

Especial Cinema Nacional

Grace Passô

Nascida em Minas Gerais, a artista é vinda do teatro e acumula diversas funções nesta área e no audiovisual. Atriz, diretora e dramaturga, Grace Passô possui em sua trajetória a adaptação da obra clássica grega Medeia, a qual intitulou Mata Teu Pai, vencedora o Prêmio Cesgranrio de Melhor Texto, em 2017. Em 2019, o espetáculo sob direção, Contrações ficou em cartaz em Salvador. Já na sua carreira cinematográfica, esteve em filmes como Praça Paris (2017), Temporada (2018) e No Coração do Mundo (2019). Neste último, o ponto alto é a sua atuação no desfecho da trama, algo que pode remeter a uma cena trágica shakesperiana, por possuir intensidades e camadas dentro da construção da cena que angustiam o espectador e são o arremate climático da projeção. Passô ainda recebeu diversos prêmios, incluindo troféu no Festival do Rio e no de Brasília. Personagem preferido: Juliana – Temporada.

 

Resultado de imagem para gilda nomacce

Gilda Nomacce

Natural de São Paulo, Gilda Nomancce começou sua carreira na televisão nos anos 1990, com participações em telenovelas e programas da TV Globo. Mas, a artista conta também com um trabalho no teatro e mais de 65 créditos dentro do cinema. Em 2011, venceu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, no Festival de Brasília, por seu papel em Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra. A sua presença em filmes de gênero também é algo notável em sua carreira, com interpretações em produções como Quando eu Era Vivo (2014), As Boas Maneiras (2017) e Lilith (2018). O seu olhar marcado para tela é algo recorrente e a sensação que o espectador pode ter ao encontrar sua performance durante uma exibição é algo próximo do mistério e da intensidade. Personagem preferida: Silvia – Tea for Two.

Especial Cinema Nacional

Karine Teles

Bastante premiada e com dois longas importantes em cartaz desde o mês passado (Bacurau e Hebe), a carioca Karine Teles possui uma trajetória intensa como atriz e roteirista. No ano de 2015, se destacou pelo papel de Barbara, em Que Horas Ela Volta? e com Sumara, da novela A Regra do Jogo. Por seu trabalho na produção Benzinho, recebeu troféu no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, em 2019 e no Festival de Gramado, em 2018. Atualmente, ela também está em Malhação – Toda Forma de Amar, interpretando Regina. Outro ponto alto recente seu foi a sua participação no mais novo clipe de Letrux, chamado Vai Render. A sua capacidade de tratar emoções tidas popularmente como intensas de maneira suave chama a atenção de quem a assiste. Um exemplo pode ser a sua cena em Bacurau quando profere palavras intensas e assustadoras para dois moradores da cidade, porém com um tom cotidiano, que poderia ser qualquer coisa menos uma ameaça. Personagem Preferida: Raquel – Quinze.

Especial Cinema Nacional

Julia Katharine

Atriz, roteirista e diretora, Julia Katharine possuiu a honra de receber o Prêmio Helena Ignez, da própria artista que dá nome ao troféu, na Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2018. Além disso, Katharine é a primeira cineasta transexual a ter um filme no circuito comercial: o curta Tea for Two. Recentemente, ela esteve na Bahia, na Mostra Cinema Conquista, na qual realizou a oficina “Roteiro Colaborativo para o Novo Cinema”. Com sua voz rouca e uma postura que mistura doçura e melancolia, o espectador pode ficar instigado para acompanhar os rumos possíveis da interpretação de Julia, que revela uma atuação que entrega aos poucos suas camadas. Personagem Preferida: Angélica – Filme-Catástrofe.

Especial Cinema Nacional

Luciana Souza

Baiana e advinda do Bando de Teatro Olodum, a atriz é mais conhecida por suas participações na televisão, nos palcos e pelo seu papel no longa Ó Paí, Ó, no qual deu vida a Dona Joana. Além de intérprete, ela reúne funções como diretora, educadora e é formada em Filosofia e em Dança. Em 2019, seu maior destaque foi no longa Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. A maior característica de sua performance é a tonicidade empregada em seu corpo na criação de seus papéis. Desta maneira, Souza parece trazer sempre a sensação de que está presente em cena e que vive plenamente a sua interpretação. Personagem Preferida: Isa – Bacurau.

Especial Cinema Nacional

Luciana Paes

Formada pela Escola de Artes Dramáticas da USP, Luciana Paes vem do teatro, mas também possui experiências na TV e uma carreira no cinema. Ela faz parte da Companhia Hiato que esteve, em Salvador, em 2010, com o espetáculo O Jardim, no Festival Internacional de Artes Cênicas (FIAC) – abro um parêntese para dizer que foi a melhor peça que eu já assisti em toda minha vida. Um de seus maiores destaques comerciais atuais é seu papel no seriado 3%, da Netflix. Além disso, a sua filmografia conta com produções aclamadas pela crítica como Sinfonia da Necrópole (2014) e O Animal Cordial (2017) e agraciadas pelo público como TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva (2017) e Uma Quase Dupla (2018). Em 2018, a intérprete venceu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, no Festival de Brasília, por seu papel em A Sombra do Pai. O destaque de sua interpretação pode ser a linha tênue que ela estabelece entre as emoções que passa, que podem ser jocoso x sério, gentil x grosseira, atenciosa x distraída. Este fator pode fazer com o que o público não saiba ao certo as intenções das figuras que Paes interpreta. Personagem Preferida: Claudia – Piscina.

  • Obviamente, o cinema nacional está repleto de figuras talentosas e de impacto para a cultura do país. Esta lista pode ser considerada um start para você ir garimpando o que há de melhor nas produções brasileiras. Duas dicas fundamentais de onde encontrar filmes que vão além do grande circuito e até dele mesmo são o Porta Curtas e o Canal Brasil, além, claro, dos festivais de audiovisual que correm por aí.