Crítica: Voando Alto

Com cineastas e roteiristas vindos de filmes de ação e terror (Andrea Block, Axel Melzener e Christian Haas), era de se esperar que Voando Alto trouxesse, pelo menos, boas sequências de aventura. Longe de alcançar o mínimo para ser divertido, o longa não consegue encontrar equilíbrio dentro de sua narrativa e o fator principal é a montagem.

Apesar da direção ser falha, pois não consegue trazer o dinamismo que a história precisava, os cortes bruscos que acontecem a cada, aproximadamente, 15 minutos, retiram o espectador do foco da cena. Após a incisão, parece que aconteceu um grande looping e as emoções e sensações mostradas anteriormente são logo esquecidas. É árduo se conectar com o enredo e as personagens desta forma. Um exemplo é quando a ave Parcival está chorando, abandonado na chuva e, de repente, acontece uma ruptura, um fade out e entra uma gag logo em seguida, com esta mesma figura.

Para além destes fatores, o roteiro também não consegue segurar a onda da produção. A trama é óbvia e em cinco minutos já possível saber todo o desenvolvimento e desfecho dela. A esperança que o espectador poderia ter é que o “como” fosse bem realizado, mas não é isto que ocorre. Os diálogos são constantemente expositivos e o consumidor é subestimado. As personas representadas durante a exibição só faltam falar em câmera lenta, olhando para a tela.

Voando Alto é uma animação que trata sobre a rixa entre duas espécies: gaivotas e andorinhas. Um deles é criado no ambiente dos rivais, Manou (Josh Keaton). Ele é o herói que irá unir os dois grupos que se odeiam. As dúvidas, os questionamentos e conflitos são postos de forma rasa, porque não são discutidos, somente colocados e citados. As respostas para os problemas parecem escolhas mais fáceis, como o protagonista que é excluído e volta para provar o seu valor.

Novamente, este elemento poderia funcionar se fosse bem utilizado, o que não é o caso, pois dentre as várias possibilidades de caminhos, a equipe parece ir pelo mais entediante. Não há surpresas, as passagens aventurescas não empolgam, as personagens não possuem grandes personalidades.

Direção: Andrea Block, Christian Haas
Elenco: Cassandra Steen, Josh Keaton, Willem Dafoe, Kate Winslet

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