King Richard - Criando Campeãs

Crítica: King Richard – Criando Campeãs

3.5

Com a proximidade da temporada de premiações, as apostas começam a afunilar. E a pergunta que fica é sobre quais serão os queridinhos do ano. Seguindo os padrões de indicações, em alguma das categorias de destaque – seja do Oscar, BAFTA ou SAG Awards – vai ter pelo menos uma cinebiografia que chamou mais atenção da crítica e público. Em 2021, Casa Gucci, apesar de controverso, desponta como um possível concorrente e King Richard: Criando Campeãs chega aos cinemas brasileiros, nesta quinta-feira (2), como uma promessa ainda mais certeira.

A cinebiografia conta a trajetória de Richard Williams (Will Smith) treinando suas filhas, Serena (Demi Singleton) e Venus Williams (Saniyya Sidney), para se tornarem as estrelas do tênis que se conhece na atualidade. Richard, ao lado de sua esposa, Oracene (Aunjanue L. Ellis), investem as horas vagas e a dinâmica familiar para treinar suas filhas, na esperança de torná-las expoentes no esporte. Com uma determinação incansável, Richard fará de tudo para que as duas garotas saiam de Compton para se tornarem referências no mundo.

O principal acerto de King Richard (título original) é o equilíbrio entre os passos da jornada das personagens com a mensagem que se quer ser passada. As passagens de tempo são escolhidas e construídas para mostrar, cena a cena, o objetivo da narrativa. No filme, dedicação, sonhos e objetivos são as palavras de ordem. O espectador pôde conhecer mais de perto as conhecidas controvérsias sobre Richard Williams que foram tão comentadas nos anos 1990. E esse olhar de dentro é esclarecedor.

O pai de Venus e Serena Williams tenta quebrar ciclos através delas. Seja com as futuras estrelas do tênis ou com suas outras três filhas, a rigidez e as atitudes impensadas de Richard são mostradas como fruto de traumas do passado. A narrativa escrita por Zach Baylin, que foi anunciado como o roteirista de Creed III, é um relato sobre superação, coragem e resiliência.

King Richard - Criando Campeãs

Acima da pressão da competição e da idade, Venus e Serena precisaram enfrentar os obstáculos sociais. Nos Estados Unidos, durante os anos 1990, duas crianças negras competindo num esporte que, até o momento, era apenas para pessoas brancas, é por si só uma jornada de superação. A presença do racismo estrutural, somado a segregação social são questões delicadamente tratadas ao longo do filme, com uma sensibilidade absurda.

O longa, dirigido por Reinaldo Marcus Green (Monsters and Men, de 2018, e Joe Bell, de 2021), traz atuações poderosas que encantam o público. Assim como na história dos Williams, a força motriz do projeto é o elenco que interpreta a família. Encabeçado pelo desempenho formidável de Will Smith (Aladdin, de 2019, e Bad Boys para Sempre, de 2020),  a condução do longa é feita a partir das dinâmicas cênicas entre os atores.

Smith, consegue entregar uma performance emocionante, mas isso é potencializado por suas colegas de cena. Aunjanue L. Ellis (Olhos que Condenam, de 2019, e Lovecraft Country, de 2020), assim como sua personagem, prepara o terreno para que o ator brilhe ainda mais. Aunjanue, com sua generosidade e potente atuação, é uma aposta promissora para a temporada de prêmios.

E o elenco infantil não fica atrás. As filhas do casal Williams também demonstram sua capacidade como atrizes durante o filme, em especial Saniyya Sidney e Demi Singleton que fazem as duas futuras tenistas. Assim como os Williams, Jon Bernthal (Em Ritmo de Fuga, de 2017, e O Falcão Manteiga de Amendoim, de 2019), como Rick Macci, é um outro ponto positivo ao longo da produção. É essa fluidez e qualidade do elenco que consegue fazer de King Richard: Criando Campeãs uma obra de destaque que pode conseguir alguns prêmios em breve.

Direção: Reinaldo Marcus Green

Elenco: Will Smith, Saniyya Sidney, Jon Bernthal, Aunjanue Ellis, Liev Schreiber, Tony Goldwyn, Dylan McDermott, Susie Abromeit

Assista ao trailer!

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