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Crítica: Vingança a Sangue-Frio

O ator Liam Neeson tem ficado marcado pelo seu perfil de filmes de vingança. Desde Busca Implacável, ele vem se especializando em ter a família ameaçada e resolver acertar as coisas por conta própria. Então é com algum desânimo que o espectador pode ir assistir ao longa Vingança a Sangue-Frio, em que o próprio título torna ele menos empolgante.

Nels (Liam Neeson) é um homem tranquilo e de família, que trabalha como motorista de um removedor de neve, em uma cidade que é completamente engolida pelo gelo. Ele é muito querido pela comunidade pelos serviços prestados e tem uma vida comum. Tudo vira de cabeça para baixo quando seu filho é sequestrado e assassinado. Ao ir reconhecer o corpo do rapaz, lhe informam que ele morreu de overdose, o que levanta a dúvida do pai. A partir daí, ele resolve se vingar daqueles que te causaram tanta dor.

A premissa é a mesma de muitos outros filmes que Neeson fez. O que muda é a forma como o roteiro é conduzido neste caso particular. “Sangue-frio” não é uma metáfora para nada. Efetivamente o protagonista mostra toda a sua capacidade de frieza e distanciamento ao tomar decisões que o levam a se tornar uma pessoa do mal. Sim, muito embora ele esteja “apenas” vingando a morte do filho e isso acabe criando empatia por parte do espectador, Nels se mostra alguém sem escrúpulos e sem dor na consciência de suas ações.

Vingança a Sangue-Frio

A trama vai crescendo e mostrando o quanto a violência pela violência acaba criando um clima de “pouco importa” nas pessoas e gerando ainda mais momentos de violência. Esse não é um filme em que os personagens param para refletir a morte dos outros e conversar com seus alvos. Eles simplesmente chegam lá e matam. É esse tom diferenciado, por sinal, que o torna mais atrativo do que a simples ideia da vingança.

Nels perde a esposa, que é deixada de lado no processo de luto, e parece não se importar com isso. O ódio o consumiu e ele agora é alguém que mata outras pessoas, enrola em uma tela de galinheiro e responde quiz da rádio enquanto transporta o corpo para desovar em um lugar deserto. Sim, tudo isso acontece na maior normalidade imposta pelo roteiro.

Falando em roteiro, ele tem muito furos que podem deixar alguns espectadores frustrados. O sumiço de personagens, a falta de foco do protagonista, o caminhar da história. Tudo isso pode ser pauta para questionamentos. No entanto, se Vingança a Sangue-Frio for analisado sob o olhar da violência sem propósito, esses fios soltos perdem a importância. É muito mais sobre como a sede de vingança consome a alma de alguém do que sobre uma história profunda e bem amarrada.

Direção: Hans Petter Moland
Elenco: Liam Neeson, Tom Bateman, Tom Jackson, Emmy Rossum, Laura Dern

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