Assunto de Família

Crítica: Assunto de Família

O diretor e roteirista Hirokazu Koreeda tem sua carreira marcada por produções focadas em cotidianos e dinâmicas familiares. Em Assunto de Família isto não é diferente. Revelando gradualmente a verdadeira realidades dos Shibatas, o público vai conhecendo a personalidade de cada integrante daquele grupo, descobrindo um pouco das suas escolhas, como foram parar onde estão e os delitos que comentem em seu dia  a dia.

Este talvez seja o grande ganho do filme. Ele consegue dosar a construção da relação entre as personagens, os detalhes íntimos, os sentimentos e o lado sombrio de cada um. Todas as figuras retratadas na tela têm complexidade e subtramas que conseguem se desenvolver sem atrapalhar o foco central do longa, principalmente na figura do protagonista. O jovem Shota (Jyo Kairi) pode gerar empatia com o espectador, para que o mesmo sinta mais profundamente o impacto do plot twists da projeção.

É notável também um cuidado da direção de arte e do diretor de fotografia em construir uma ambientação para a casa dos Shibatas. O local é mal iluminado e é se vê que eles são acumuladores. Existem muitas bugigangas na residência, provavelmente, frutos de roubos. Existem roupas desgastadas, penduradas na parede e muito objetos espalhados pelos móveis.

A única questão destoante em Assunto de Família é seu terceiro ato. Após construir uma família diferente e destoante dos padrões da sociedade, Koreeda se encaminha para escolhas tradicionais demais, reinstaurando soluções um tanto moralistas e óbvias na narrativa. Os conflitos e desenlaces poderiam fazer jus aos indivíduos que são mostrados inicialmente na histórias, as formas que encontraram de viver e a conexão que possuem juntos.

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