Máquinas Mortais

Crítica: Máquinas Mortais

Normalmente, é com certa animação que vamos ao cinema quando sabemos que na produção do filme temos grandes nomes, como o de Peter Jackson, responsável por nada menos que as trilogias O Senhor dos Anéis e O Hobbit. Ainda assim, estava reticente para assistir Máquinas Mortais pela sinopse pouco atrativa e pelo trailer ainda mais genérico.

A Terra já está no terceiro milênio e sofre as consequências da Guerra dos Sessenta Minutos. As cidades agora são móveis e literalmente trafegam de um lado a outro em busca de recursos para sobreviver. São as chamadas Cidades Tração. Quando Londres se envolve em um ataque, o protagonista Tom é expulso junto com uma jovem rebelde. Agora eles lutam para voltar para a cidade móvel e lidar com uma ameaça ainda maior.

De pronto vemos que o roteiro tem grande semelhança com Mad Max: Estrada da Fúria, onde as pessoas lutam para conseguir água, o recurso mais caro e escasso do planeta. No entanto, diferente deste último, Máquinas Mortais faz uso desta premissa da maneira mais genérica possível. A história é bem pouco envolvente justamente pelo fato de que o roteiro não se aprofunda em absolutamente nada.

Não há maiores detalhes sobre a tal Guerra dos Sessenta Minutos, embora ela seja mencionada diversas vezes ao longo da trama. O mesmo vale para a premissa de Cidades Tração, que não tem uma justificativa plausível e coerente. Isso se torna ainda pior quando lá para a frente nos deparamos com cidades estáticas, o que nos faz ter certeza de que a cidade móvel é algo dispensável.

Confesso que o início do filme, mais especificamente a primeira cena, é empolgante. Participamos de uma perseguição desenfreada de Londres, uma super cidade, a um pequeno vilarejo. É uma apresentação interessante do roteiro, mas que fica apenas nisso.

Outro problema no longa é que ele demora a se definir com relação aos seus protagonistas. Temos, inicialmente, três pessoas que disputam a atenção do espectador. Em dado momento, um quarto elemento é inserido, formando dois casais. É com mais de 30 minutos que conseguimos identificar quem vai levar o filme para a frente e isso dificulta ainda mais o envolvimento do espectador com a história (isso e dezenas de outros fatores).

Máquinas Mortais

Já que a Cidade Tração, mesmo injustificável, foi escolhida para a história, podemos esperar que ao menos o roteiro explore suas peculiaridades, o que tornaria tudo mais interessante e atraente. No entanto, ele simplesmente ignora essa novidade e deixa o espectador sem entender efetivamente como tudo funciona. Não há uma apresentação digna para este novo universo.

Partindo para a trama, temos um problema ainda maior. Depois da dificuldade de definir os protagonistas, não conseguimos criar empatia pela luta deles. Como é tudo muito rápido e sem grandes explicações, muitos fios ficam soltos, o que deixa o roteiro pobre e tedioso. Além disso, a medida que a história “evolui”, personagens vão sumindo sem qualquer explicação. Lembra do quarto elemento que chega para fechar a dupla de casais? Pois bem: ele some sem deixar vestígios.

Para piorar a situação (que convenhamos, já não é boa), o enredo tem excesso de falas de efeito e expositivas e momentos aleatórios que tentam criar heróis. Nada disso convence o espectador, que há essa altura já está cansado e torcendo para que as duas horas de duração do longa passem mais rápido.

O ponto alto de Máquinas Mortais são os efeitos visuais, que são realmente muito bons. Fazendo uso do tom sombrio que a trama precisa, com pinceladas de cores e o uso acertado de CGI, o filme não deixam nem um pouco a desejar na parte visual. Isso se deve ao fato de que Christian Rivers, artista de efeitos especiais vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Visuais por King Kong, é o diretor do longa.

Nada disso, no entanto, nos faz deixar de enxergar todos os problemas que o filme tem e a problemática de química do elenco. O casal principal (em um estilo bem Divergente) não convence e deixa na dúvida o espectador, que passa mais tempo achando que eles são apenas amigos. Personagens que se perdem, outros dispensáveis e aqueles que ficam são pouco envolventes.

Com uma promessa imensa de história atraente e o início de uma nova franquia, Máquinas Mortais é tão decepcionante, frágil e genérico que não deve chegar à sua continuação.

Assista ao trailer!