XII Panorama Coisa de Cinema – Crítica: Um Casamento

Exibido no XII Panorama Coisa de Cinema, o longa Um Casamento é o primeiro longa da fotógrafa e artista plástica Mônica Simões. Com um olhar sensível e apurado, a estreante traz um documentário que conta a história do casamento de seus pais, pela perspectiva de Maria Moniz, sua mãe. Entre fotografias e vídeos caseiros antigos, realizados por sua família, Simões resgata uma memória de uma Salvador dos anos 1940/50.

Nessa mescla de imagens, a diretora demonstra a importância das recordações, os momentos marcantes registrados pelas câmeras, a veia artística passada de geração para geração. Buscando a espontaneidade, Simões acerta no tom sincero e na forte personalidade da protagonista, que tem um carisma que explode na tela. Numa junção de delicadeza e acidez, Moniz se desnuda diante do espectador, narrando as aventuras, alegrias e dessabores de seu casamento. Sua postura além de seu tempo é impactante e reveladora.

A escolha por filmar na casa que sempre foi de sua família aproxima o público da narrativa, que vê as filmagens do presente e do passado a força do resgaste das recordações. Os planos detalhe também ajudam o espectador a entrar na história mais fortemente. O tom das revelações de Maria Moniz ganha força pois há um equilíbrio bem realizado entre bons e maus momentos.

Ainda assim, a película peca em duas questões: a trilha sonora parece querer direcionar as sensações do público e pode ficar uma ideia de forçar emoções. Outro ponto é a narração que é desnecessária e até mesmo cansativa. As interferências diegéticas, no entanto, não incomodam, muito pelo contrário engrandecem a relação de mãe e filha, memória e presente.

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