X - A Marca da Maldade (2022)

Crítica: X – A Marca da Morte

Completando 10 anos em 2022, a A24 trouxe para o cinema produções que antes não eram vistas. A missão do estúdio independente sempre foi investir em projetos que fujam um pouco do mainstream para dar espaço a produções diferentes. A partir de seu segundo ano, a A24 passou a investir cada vez mais em narrativas de terror, com sucessos como A Bruxa (2016), Hereditário (2018) e Midsommar – O Mal Não Espera a Noite (2019), compondo os 20 filmes do gênero já lançados pelo estúdio até hoje.

X – A Marca da Morte é o mais recente lançamento de terror da A24. O filme, que estreou nos Estados Unidos em meados de março, é uma ótima produção para fechar esse ciclo dos 20 primeiros filmes do estúdio por funcionar como uma homenagem aos slashers clássicos dos anos 1970/1980. O longa-metragem desenha a sua narrativa a partir de referências a O Massacre da Serra Elétrica (1974), Devorado Vivo (1976), Psicose (1960) e O Iluminado (1980). Dentre os clássicos do terror citados, o longa sobre Leatherface é o que dá mais substrato para a produção de X se inspirar por conta dos contextos temporais, geográficos e religiosos.

Uma equipe de filmes pornográficos está viajando para fazer as gravações de sua nova produção. Eles chegam numa fazenda no interior do Texas, onde vão se hospedar e gravar algumas cenas. Isolada e ocupada apenas pelo casal de idosos que é dono da propriedade, a casa parece ser o lugar perfeito para fazer um set de filmagem sem nenhuma preocupação. No entanto, os idosos, que pareciam inofensivos, vão se mostrar interessados demais nos hóspedes. E quando cair a noite, ninguém está mais a salvo dos horrores que acontecerão.

No exterior, X – A Marca da Morte foi aclamado pela crítica e público e está sendo considerado um dos melhores filmes de terror dos últimos anos. A inteligência narrativa está na relação que ela constrói entre os acontecimentos chocantes do gore, a crescente da tensão e o ambiente assombroso descrito em cena. Esses méritos devem ser dados ao diretor e roteirista Ti West que, em seu primeiro longa, conseguiu captar a essência de um bom slasher. Sem perder de vista sua originalidade, Ti consegue criar um mix de referências aos momentos marcantes do cinema de horror que chocaram gerações. É a partir dessa união de fatores bem costurados e executados que o filme chega com tamanha força para o espectador.

Seja no roteiro ou no resultado final do longa, é inevitável perceber a influência do cinema slasher americano dos anos 1970. Especialmente quando se faz os paralelos com O Massacre da Serra Elétrica, é impossível não notar a paixão por trás de cada referência cênica, do uso da câmera ou do desenho dos ambientes. Como citado anteriormente, X – A Marca da Morte se passa num período próximo ao do longa de 1974 de Tobe Hooper. Por conta disso, os contextos sociais e religiosos do período aproximam as narrativas. No caso de X, o fator religião se faz mais presente do que na história de Leatherface, como é possível perceber durante os 106 minutos de duração.

X - A Marca da Maldade (2022)

A questão da religião está diretamente ligada ao fervor da época sobre a violência incitada pelos efeitos da guerra e as revoluções pela liberdade sexual. Ti West usa esse pano de fundo para costurar a sua narrativa e construir a relação básica dos slashers: sangue e sexo. Essa dupla inseparável se mostra ainda mais mortal no contexto de isolamento na fazenda de Pearl e Howard, numa parte do Texas onde a violência se esgueira em cada canto e tensões sexuais são motivos para expurgos sociais. É sob essa ágora que X se estabelece como um horror chocante e de tirar o fôlego.

X – A Marca da Morte representa justamente a excitação dos filmes de terror dos anos 1970 e 1980, onde as mortes excessivamente violentas e as cenas sexuais e/ou de nudez eram os pontos altos. A diferença desta produção para as que a inspiram é a qualidade em sua execução. Atrelada à qualidade técnica do longa, a escalação dos atores e atrizes foi certeira. Apesar de ter rostos pouco conhecidos, o elenco consegue entregar o máximo de tensão que cada cena precisa. A dinâmica de Mia Goth em cena é, de longe, louvável – principalmente quando ela desempenha suas duas performances. A atriz interpreta tanto a final girl como Pearl, a dona da fazenda assustadora.

X – A Marca da Morte guarda uma antecipação enorme nos fãs do gênero, em especial com as novas notícias sobre o futuro da produção. O diretor e roteirista do terror já informou que está trabalhando em duas continuações para a história do longa. O primeiro filme será uma prequel que mostrará para o espectador mais sobre Pearl. O longa, que teve o trailer lançado no dia 26 de julho deste ano, ainda não tem data de estreia no Brasil.

A ideia da prequel é contar as origens e os traumas que moldaram a dona da fazenda, a qual representa a figura vilanesca da produção. O filme carrega o nome da personagem interpretada por Mia Goth e será lançado nos Estados Unidos no dia 16 de setembro. De acordo com Ti West, o terceiro capítulo da história que envolve o massacre e seus personagens será uma continuação direta dos acontecimentos finais de X – A Marca da Morte. O diretor acredita que os três longas funcionam como complementos uns dos outros, expandindo a sangrenta história.

Direção: Ti West

Elenco: Mia Goth, Jenna Ortega, Martin Henderson, Brittany Snow, Owen Campbell, Stephen Ure e Scott Mescudi

Assista ao trailer!