Crítica: The Post – A Guerra Secreta

O longa The Post – A Guerra Secreta conta a história de Kat Graham, dona do jornal The Washington Post. Ela assumiu o posto de chefe depois que seu marido morreu e está prestes a lançar ações da empresa na Bolsa de Valores. Em meio a essa transição, a redação do veículo descobre informações importantes sobre a Guerra do Vietnã e surge o impasse sobre divulgar ou não o material, que pode afetar a entrada do jornal na Bolsa. Tudo isso envolto em questões de ética e liberdade de imprensa, debatido fortemente pelo roteiro.

O diretor Steven Spielberg, que dispensa qualquer apresentação, consegue conduzir muito bem o roteiro de Josh Singer, responsável pelo igualmente excelente Spotlight – Segredos Revelados, que venceu Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original em 2016, além de acumular outras indicações na mesma premiação. A dupla deixa muito bem exposto desde o começo a formação do ápice e como os personagens caminham para ele.

A combinação de Meryl Streep e Tom Hanks não poderia ter sido mais acertada. Há um equilíbrio grande nas cenas, tanto quando eles estão juntos, quanto separados. A deixa de cada um dá o tom da equipe de elenco, que é composta ainda por grandes nomes como Sarah Paulson, Bob Odenkirk e Alison Brie. Todos dão ainda mais força às cenas, que já são bem construídas desde o roteiro.

O ritmo pode parecer meio lento em dado momento, mas um olhar mais cuidadoso percebe que a criação do cenário é muito importante para compreender os fatos que vão se suceder a seguir e criar empatia por parte do espectador. Algo relativamente simples, como publicar ou não uma matéria de grande importância, se torna algo muito maior quando se envolve todos os fatos e uma guerra que está acontecendo.

Associado a isso, tem uma discussão importante sobre liberdade de imprensa e lucro da mídia. Qual o papel do jornalista quando o dinheiro e a informação são colocados em questionamento? A dualidade dos personagens é verídica e nos faz pensar sobre o que é possível fazer em uma sociedade que é sempre patrocinada pelos maiores para que eles possam ter um pouco mais de controle.

Além disso, o filme traz críticas importantes ao universo machista da época e como o empoderamento feminino foi se dando de forma suave, mas persistente. Meryl nos dá um verdadeiro presente em uma determinada cena, que não darei spoilers maiores, onde sua personagem se posiciona fortemente perante um grupo de homens.

Para quem é jornalista (como eu) ou simplesmente simpatiza com o jornalismo em si, o filme é uma dedicatória importante à profissão, que sofre tanta desvalorização em momentos importantes. O roteiro é muito cuidadoso e forte, assim como as atuações, que são simplesmente impecáveis. Com certeza vale a atenção dos espectadores e cinéfilos de plantão.

Assista ao trailer!