Crítica: Obsessão

O diretor Neil Jordan é um homem de notáveis feitos no seu currículo. Com filmes como Traídos pelo Desejo, Entrevista com o Vampiro, Fim de Caso e Café da Manhã em Plutão, a filmografia do realizador é marcada por uma diversidade que atinge bons resultados na maioria das vezes. Assim, é difícil compreender como um filme como Obsessão (internacionalmente, Greta) tenha sido não só dirigido como roteirizado pelo cineasta.

Assumidamente campy, Obsessão conta a história de uma solitária mulher chamada Greta (primeiro papel aceito por Isabelle Huppert em língua inglesa após o sucesso de Elle na temporada de premiações) que estabelece uma relação de amizade com uma inocente jovem recém chegada a Nova York. Desde o princípio, o espectador suspeita que há algo de estranho com a personagem e logo elas se confirmam e o filme apresenta o lado sádico e violento dessa protagonista.

Obsessão até que tem um início promissor. Neil Jordan consegue a princípio manter a atenção do espectador no desenrolar dessa trama central, compreendendo bem o teor absurdo e divertido da história. É uma pena que conforme a história se desenrole e Greta apresente a sua verdadeira natureza, Jordan acabe perdendo o fôlego estenda sua narrativa de maneira desnecessária, perdendo a atenção e o interesse do espectador pelo jogo imposto pela personagem de Huppert à jovem interpretada por Chloe Grace Moretz.

Se Jordan consegue algum resquício de dignidade em Obsessão se deve a Isabelle Huppert que se diverte com uma personagem completamente “fora da casinha”, aproveitando cada cena para explorar em tons propositalmente exagerado a vilania e loucura da sua protagonista. É uma pena que o filme pareça desistir de si próprio conforme seu desfecho se aproxima, se entregando a soluções preguiçosas, arrastando situações que poderiam ser sintetizadas e perdendo um pouco do seu humor. Prometia ser um interessante exercício de gêneros.

Direção: Neil Jordan
Elenco: Isabelle Huppert, Chloë Grace Moretz, Maika Monroe

Assista ao trailer!