Crítica: Homem-Aranha – Sem Volta para Casa (sem spoilers)

4.4

A caminhada de Tom Holland dentro do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) sempre foi de amadurecimento. A cada aparição, o herói da vizinhança aprendia lições sobre a vida e aperfeiçoava a jornada para se tornar sua melhor versão. No entanto, até o momento, Tom apenas havia dado passos de bebê diante das possibilidades de seu personagem. Mas, a partir de agora, tudo vai mudar.

Em seu terceiro filme solo no MCU, o famoso teioso irá engatar em sua verdadeira jornada do herói. Ainda que com seu jeitão bobo e juvenil, Peter vai enfrentar dificuldades mais adultas. E aí é que o jogo vira. Amadurecimento é a palavra de ordem de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, que estreia nesta quinta-feira (16) nos cinemas brasileiros. O novo longa-metragem é o momento de transição que o personagem e os fãs precisavam.

Peter Parker (Tom Holland) teve sua identidade revelada. Agora ele terá que lidar com a pressão da exposição, enquanto é acusado de ter matado Mysterio (Jake Gyllenhaal). Sem conseguir separar os dilemas do seu cotidiano juvenil da sua jornada heróica, Peter recorre ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para que o mundo esqueça a verdadeira identidade do querido herói da vizinhança. Na tentativa de fazer o feitiço para ajudar Parker, Stephen Strange acaba se atrapalhando com a mágica. Esse erro libera conhecidos vilões de outros universos, fazendo com que Peter tenha que enfrentar espécies de fantasmas do multiverso.

Na busca por se provar capaz para o mundo, Tom Holland (O Diabo de Cada Dia, de 2020, e Cherry – Inocência Perdida, de 2021) encanta o público com um desempenho admirável. Até o momento, este foi o filme que melhor proporcionou momentos poderosos para o jovem e promissor ator. A narrativa, evidentemente, é construída para que o espectador se veja completamente apaixonado pela evolução do personagem durante os 148 minutos de duração.

Para além do Holland, a composição do elenco é certeira. A longa duração de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa permitiu que os atores e atrizes envolvidos desde os primeiros filmes pudessem ser ainda mais explorados aqui. Desta vez, para além do trio principal, até mesmo Marisa Tomei (Homem-Aranha: De Volta ao Lar, de 2017, e Frankie, de 2019) e Jon Favreau (Chef, de 2014, e Homem-Aranha: Longe de Casa, de 2019) tiveram mais oportunidades cênicas de mostrar a sua qualidade artística.

Outro ponto de destaque é a volta dos vilões. A estrutura de seu retorno e a dinâmica deles com o Tom guiam a história para outro lugar. Ver a interação entre eles é, além de nostálgico, potente. Ver Doutor Octopus, de Alfred Molina (Correndo Contra o Tempo, de 2016, e Bela Vingança, de 2020), e o Duende Verde, de Willem Dafoe (Aquaman, de 2018, e O Farol, de 2019), contracenando é algo poderoso e que jamais o público teve a oportunidade de ver.

Ainda sobre as dinâmicas do elenco, outra escolha certeira é o protagonismo de Doutor Estranho. A participação de Benedict Cumberbatch (1917, de 2019, e Ataque dos Cães, de 2021) é mais curta do que se imagina, mas isso não torna a sua existência menos importante. Da mesma forma, Strange não tira a atenção do público do foco de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, que é a jornada do herói de Parker. Assim, uma das preocupações para o enredo do longa deixa de existir e uma das teorias exageradas dos fãs também some.

É essa trajetória que serve de fio condutor para a trama. Do primeiro ao último minuto, é possível vislumbrar um desenvolvimento de personagem jamais visto no Homem-Aranha – talvez, jamais visto em outro filme solo de super heróis. E, atrelado a isso, o roteiro de Chris McKenna e Erik Sommers (os quais também escreveram as sequências anteriores) conecta a jornada de autoconhecimento e crescimento de Peter ao futuro misterioso do multiverso do MCU.

Ao final da sessão, todas as expectativas estarão alcançadas. As dúvidas sobre o que era real ou teria também serão sanadas. O que fica é a nostalgia e a sensação de dever cumprido. E a melhor parte para os fãs: saber que ainda veem mais três filmes com a participação do promissor Tom Holland. E com a conclusão desse novo capítulo, Peter Parker enfrentará a vida como ela é, mostrando que o Miranha do MCU é mais do que somente um garoto que teve tudo nas mãos. Mostrando que ele é o herói que todos sempre desejaram ver nas telonas. Mostrando que ele é completo.

 

Direção: Jon Watts

Elenco: Tom Holland, Zendaya, Benedict Cumberbatch, Jacob Batalon, Alfred Molina, Willem Dafoe, Jamie Foxx, Marisa Tomei e Jon Favreau