Crítica: Homem-Aranha: Longe de Casa

É preciso respirar fundo na hora de escrever qualquer palavra sobre o novo filme do spider man, o Homem-Aranha: Longe de Casa. Com estreia para esta quinta-feira, 04, o longa, dirigido por Jon Watts (A Viatura), poderia ser divido em duas partes. Na primeira etapa de projeção, tem-se uma obra insossa, na qual a personalidade e os desafios do herói não avançam muito e a pergunta sobre a necessidade de uma continuação da história anterior paira na mente.

Contudo, a partir da parte 2 da exibição, alguns minutos depois do plot twist – que não será contado aqui para não revelar spoilers -, a narrativa ganha novos rumos e um possível respiro. Deste momento em diante, os problemas que o Homem-Aranha (Tom Holland) precisa enfrentar recebem uma nova dimensão e as decisões do roteiro deixam de parecer preguiçosas e começam a possuir um efeito surpreendente. Isto porque as necessidades que o protagonista passa a ter, como e se ele conseguirá realizar o intento que deseja engrandecem o clima de ação e aventura.

O maior destaque aqui vai para o carismático e consciente Jake Gyllenhal (O Segredo de Brokeback Mountain), que interpreta o Quentin, nova figura paterna para o Peter Parker. A sua construção parece atenta no que tange demonstrar os sentimentos intencionalmente ternos para com o Aranha. Além disso, a sua movimentação em cena revelam as ações e gestos de um super-herói de velha guarda, já acostumado a enfrentar grandes batalhas. Por fim, Gyllenhall, mede bem a dose de acidez em momentos precisos do texto, criando empatia e distanciamento ao mesmo tempo.

Outro ponto importante de mencionar é a dinâmica entre os intérpretes Holland, Zendaya (MJ) e Jacob Batalon (Ned). Ainda que o ritmo de todo o início de Homem-Aranha: Longe de Casa seja precário e os diálogos apelativos, com piadas exageradas, em locais indevidos – como a cena na qual Nick Furry (Samuel L. Jackson) explica o problema que Parker precisa enfrentar – , os três seguram as características criadas na obra anterior e aumentam a conexão entre cada um deles, com olhares, silêncios e frases ditas de forma mais cortadas, com um desconcerto adolescente, tímido; mas, com a entrega do início e/ou da consolidação de suas relações.

Apesar da guinada vinda da reviravolta na trama, o espectador pode passar um tempo considerável desestimulado na cadeira, até que a surpresa aconteça. A produção acaba pecando por não tentar “enganar” o público de forma mais divertida, ainda que a utilização da quebra da expectativa repentina seja inteligente, ele acaba ficando quase num equilíbrio que pende mais para a mediocridade se a pauta for a duração do tédio. Contudo, há a entrega de uma das cenas de batalha mais instigantes entre mocinho e vilão do MCU (Universo Cinematográfico Marvel) até agora.

Direção: Jon Watts
Elenco: Tom Holland, Jake Gyllenhaal, Zendaya, Samuel L. Jackson, Jon Favreau, Marisa Tomei, Cobie Smulders, Jacob Batalon

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