Crítica: Gostosas, Lindas e Sexies

Trabalhar a questão da autoestima feminina tem sido um grande foco nos últimos anos. O cinema, por sua vez, que reflete a sociedade que vive, já vem trazendo esse tipo de apresentação focando em diversas vertentes. Na tentativa de valorizar a forma feminina, principalmente para quem está acima do peso, o longa Gostosas, Lindas e Sexies tenta apresentar um roteiro bem humorado de aceitação. No entanto, o tiro sai pela culatra e acaba se tornando um filme extremamente machista.

O erro já começa pela estereotipação do modelo feminino. Para ser acima do peso, as mulheres têm poucas opções, sendo elas: se aceitar completamente e ignorar a gordura, ser fogosa, ser bem sucedida financeiramente ou ser traída pelo marido. É uma necessidade tão grande de ignorar o corpo e seu formato, que fica extremamente forçado e surreal. Como se a única solução para ser feliz e gorda, seja esquecer que é gorda.

Pior ainda é quando surgem alguns personagens que fazem bullying com a protagonista por conta de seu peso. Parece uma cena saída de pré-primário, sendo que na verdade se passa em um escritório. É tão forçado que fica ridículo. Sabemos que no dia a dia as coisas são muito mais sutis (nem por isso menos dolorosas e invasivas).

De alguma forma, o roteiro ainda consegue associar o quarteto principal sempre a homens, como se mulher não tivesse outro propósito de vida a não ser encontrar o companheiro perfeito. Elas falam, pensam e vivem para os homens. Para um filme que tem a proposta de tirar o estigma da gordura feminina, isso se torna ainda pior e mais caricato.

Ao final de um roteiro vergonhoso, forçado, machista e sem graça, o filme é o tipo de coisa que você prefere esquecer que se dispôs a assistir. Traz uma visão completamente equivocada do ser feminino, não tem a menor graça (e deveria ter, porque se força como comédia) e não tem nem uma atuação que valha a pena o tempo investido. Resumindo: sofridamente dispensável.

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