Cry Macho: O Caminho para a Redenção

Crítica: Cry Macho: O Caminho para a Redenção

2.7

No alto dos seus 91 anos, Clint Eastwood lança mais um filme como ator e diretor. O último que trazia essa dobradinha havia sido A Mula (2018). Levando em conta o passar dos anos, é com expectativa que os fãs (como eu) podem ir aos cinemas conferir mais essa obra deste excelente artista. No entanto, Cry Macho: O Caminho para a Redenção não está nem um pouco dentro do padrão de qualidade conhecido de Eastwood.

Mike Milo é um ex-astro de rodeio aposentado e fracassado que lida com o luto de sua esposa e filho, enquanto tenta viver a vida junto aos antigos colegas de trabalho. Em 1979, um desses amigos vem cobrar um favor e pede que ele vá buscar o filho perdido no México. Com essa dívida de honra, ele adentar uma jornada para buscar o menino de 11 anos e entregá-lo ao pai.

A proposta do roteiro é muito interessante. A presunção é de que seria uma história de autoconhecimento onde o protagonista vai refletindo sobre as suas questões a medida em que ele traça o seu plano de pegar o garoto. No entanto, a falta de aprofundamento torna o enredo completamente raso e pouco empolgante.

É como se o roteiro duvidasse constantemente da inteligência do espectador, a medida que nos oferece diálogos extremamente expositivos e desnecessários, para suprir a falta de dinamismo dos personagens. São coisas cansativas como ir ao banheiro e dizer que está indo ao banheiro. Isso engessa a fluidez do longa, tornando os poucos 100 minutos parecendo horas e horas de duração.

Cry Macho: O Caminho para a Redenção

Para completar esse combo, a maior parte do elenco deixa muito a desejar (com a exceção óbvia). Não por serem atores pouco conhecidos, mas por representarem papéis muito caracterizados de latinos e mexicanos. A química em cena também não ajuda no processo de criar empatia com os personagens. No final das contar, não conseguimos nos envolver com ninguém e nem com suas histórias. Tudo se torna muito pouco convincente.

Claro que isso não se aplica à Clint. Ele está super bem para sua idade, contracenando até em cenas de ação, mantendo o porte altivo e com o estilo de atuação que lhe é característico. Junto à ele, a bela fotografia de desertos e pores do sol que seria ainda mais bonita se envolvesse um enredo mais aprofundado.

Compreendam que este não é um filme ruim, mas é bastante decepcionante por conta do seu contexto. É um longa de Clint Eastwood, atuando e dirigindo, com temática caubói e jornada de vida. A promessa era enorme, mas que foi frustrada em muitos momentos. No final das contas, falta aprofundamento de personagens e de história, fazendo com que esqueçamos de Cry Macho: O Caminho para a Redenção com muita rapidez ao terminar a sessão.

Direção: Clint Eastwood

Elenco: Clint Eastwood, Dwight Yoakam, Horacio Garcia Rojas, Fernanda Urrejola

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