Crítica: Cinquenta Tons Mais Escuros

É muito difícil falar sobre um filme que tecnicamente tem vários problemas, mas agrada a boa maioria do público. Penso que ele pode não ter cumprido seu papel como película da sétima arte, mas alcançou o objetivo de agradar os espectadores, principalmente os leitores dos livros do qual foi baseado. Cinquenta Tons Mais Escuros acontece justamente isso e fica claro no discurso dos fãs X críticos.

Desta vez, a jovem Anastasia Steele e o magnata Christian Grey tentam um relacionamento mais “normal”, sem tantas regras, sem contrato. Mas mesmo que eles se esforcem, vários elementos externos parecem assombrar a situação e colocar em risco o romance dos dois.

De cara o filme parece que terá questões interessantes para serem debatidas, com o passado de Christian e como ele interfere nos seus traumas atuais. O longa já começa procurando justificar seus comportamentos e a proposta é positiva. Ele está apaixonado por Anastasia e disposto a fazer qualquer coisa para conseguir ficar com ela novamente. A raiva dela, originada no primeiro filme, parece se dissipar muito rapidamente, no entanto.

Apesar do filme ter discussões a cerca do machismo, possessividade e relações abusivas, essa questão pega muito mais em cima do material que originou a trama. O livro foi escrito por uma fã de Crepúsculo, que queria inserir um pouco mais de sexo no casal principal, o que resultou nisso aí. Mas a semelhança é notória. A mãe de Anastasia mora longe, assim como a de Bella. Ela também é separada do pai e deixa de comparecer à formatura da filha por conta do novo marido. E.L. James não se deu nem ao trabalho de inovar. Já a protagonista, é a clássica virgem resgatada de “sua vida chata” por um homem poderoso e rico. O machismo é visto de longe.

Voltando às questões do filme em si, outro grande problema é a falta de um vilão forte. A história é dispersa e acaba colocando três possíveis antagonistas na trama. Só que nenhum tem tempo suficiente de ser explorado, são tratados quase que individualmente e como um detalhe na relação do casal principal. O problema principal é a relação conturbada deles e como os dois se esforçam para fazer da certo. Ou seja, roteiro fraco e sem suporte nenhum.

Agora, quando tratamos o longa sob a ótica dos leitores dos livros e fãs mais ávidos, a evolução é positiva. Este segundo é superior ao primeiro, principalmente porque teve mais investimento. O primeiro tinha traços de uma franquia que começava, mas não sabia se ia dar certo. Já esse é mais conexo, o investimento foi maior, o que refletiu num resultado melhor.

A química do casal me agrada, apesar de ter questões com relação a dinâmica sexual deles. Para um filme considerado pornô soft, esse é erótico, mas com muitos pudores. O foco realmente foi o romantismo vindo do lado de Christian, que é estranho ao seu perfil e deixou muitas espectadoras em polvorosa.

A falta de interação do casal principal com seus coadjuvantes é preocupante. Embora existam muitos personagens, nenhum recebe um pouco mais de destaque. E isso é um problema, porque Anastasia e Christian não sustentam tão bem a película e poderiam contar com um pouco mais de ajuda. Principalmente contando com bons atores ao seu redor, com Kim Bassinger.

Em resumo, Cinquenta Tons Mais Escuros é um filme tecnicamente cheio de problemas, fraco e sem ápices. No entanto, para os fãs e leitores dos livros, o resultado é muito positivo, mostrando a evolução do primeiro e sendo bastante fiel à trama de E.L.James.

Assista ao trailer!