Crítica: Alfa

As distribuidoras estão cada dia mais se empenhando em criar excelentes trailers e lançar seus filmes com mais empolgação no mercado. Particularmente, fico dividida com todo esse investimento. Se por um lado, o espectador se anima com os diferentes longas e acaba assistindo alguns que nem imaginaria em ver no cinema, por outro lado, existem casos em que o trailer é muito superior ao filme. É justamente o caso de Alfa! Não que o trailer dele tenha me enganado – o espectador calejado consegue distinguir facilmente a edição bem feita do conteúdo de qualidade. No entanto, o resultado do longa é sofrível, como você lerá nesta crítica.

A história se passa há 20 mil anos, quando as tribos se esforçavam para sobreviver no clima brutal e dificuldade de se alimentar. Existe um ritual de passagem da infância para a fase adulta, determinando quando um garoto se torna homem. Quando o filho do chefe da tribo sofre um acidente e cai de um penhasco, todos acreditam que ele está morto. No entanto, o garoto sobreviveu. Ele acaba sendo atacado por uma matilha e poupa um dos lobos. A partir daí, uma relação de amizade e companheirismo por sobrevivência vai surgindo.

O roteiro já não é lá grande coisa, mas a boa vontade era muita de que as coisas dessem certo. Que pena! Tudo já começou errado porque a versão enviada para a cabine era dublada. E isso definitivamente comprometeu a experiência do filme. Depois de algum tempo de indignação com essa descoberta, seguimos para o plot principal, que seria até interessante, se bem trabalhado. Infelizmente não foi o caso.

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Alfa nos apresenta um figurino e maquiagem péssimos. Lembrando que a história se passa há mais de 20 mil anos, temos pessoas limpas demais, mulheres com sobrancelhas feitas, garotos sem arranhões e cabelos muito bem presos em tranças milimetricamente penteadas. Para piorar todo o cenário, as roupas eram boas demais. Todas visivelmente costuradas em máquinas, com couro de alta qualidade, bota confortáveis e acessórios lindos e da moda. Sim, tudo isso estragou demais o roteiro, uma vez que não passa veracidade alguma ao enredo.

Seguimos, no entanto, na boa vontade de dar mais uma chance ao longa, mesmo que ele não mereça. Cena após cenas e Alfa vai nos decepcionando. Não bastasse todos os problemas acima, o roteiro ainda é extremamente entediante. A história evolui numa lentidão que incomoda, cansando o espectador. O ápice demora demais a chegar e quando o faz, não é nada demais, de tão previsível. Ficamos esperando por algo que já sabemos e que acontece sem nenhuma surpresa.

Como uma cereja no sorvete, as atuações são realmente ruins. Um compilado de atores desconhecidos que não agradam. Aliás, fica bem claro o motivo que os levaram a não ter fama. É baixa a qualidade do trabalho, as atuações são forçadas. Na verdade, o roteiro também não ajuda, construindo diálogos pobres e sem engajamento. Fica aquela faísca de esperança de que o elenco talvez não seja tão ruim assim.

Ao final do filme, que tem 1h30 mas parece que tem 3h30, o que fica é um espectador frustrado. Uma sensação de perda de tempo terrível que custa a passar e que nos acompanha sessão afora. Gostaria de dizer que é uma grande pena e perda de potencial, mas ele nunca existiu. Sejamos sinceros, assim como eu fui nesta crítica.

Assista ao trailer!