Crítica: Além da Morte

Com Ellen Page (Juno) e Diego Luna (Frida) no elenco, já está em cartaz o thriller Além da Morte. Dirigido pelo dinamarquês Niels Arden Oplev (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres), o filme tem uma premissa poderosa nas mãos, porém o encaminhamento do roteiro, as escolhas estilísticas e os planos sem criatividade mataram uma narrativa cheia de potencial.

Cinco estudantes de medicina realizam um experimento científico comandado por Courtney (Page). A ideia é descobrir o que há no pós-morte. Para isso, eles morrem e retornam à vida por alguns minutos. Porém, todos começam a ter contato com suas maiores culpas do passado. Buscando um clima de terror e mistério, o longa peca por investir em clichês do terror, mas de forma mal feita, como a criança fantasma que persegue a protagonista.

Remake de Linha Mortal (1990), em Além da Morte todos os sustos programados podem ser esperados pelo público. Mãos gélidas no vidro, elevador assombrado e ligações com ruídos, são alguns dos clichês já vistos em produções como O Grito (2004), O Chamado (2003) e Premonição (2000). Talvez o maior problema de Além da Morte é que o conflito está na mente das personagens, por isso o maior ganho seria investir no psicológico delas e não nos sustos gratuitos.

A construção dos estudantes também é mal elaborada e rasa, deixando-os como representações de arquétipos. A garota com poucos recurso que precisa de notas altas (Sophia), o garanhão rico e mimado (Jamie), o cdf que não se envolve em confusão (Ray) e a mocinha boa em tudo que faz, de boa família, mas que deseja independência (Marlo). O único ponto um pouco fora da curva é Courtney, contudo os autores da obra encerram sua participação e não exploram a única coisa boa na projeção.

Desta forma, não há muito espaço para os atores desenvolverem grandes cenas, apesar do Ray de Diego Luna está equilibrado em algumas cenas. Ele e Page conseguem tirar bons tons de voz e marcação do texto em diálogos pobres como “Isso não pode estar acontecendo” ou “Eu disse que não deveríamos ter feito isso”. São bons artistas entregues a uma produção precária.

O golpe final é a participação inútil de Kiefer Sutherland! O galã estava na sequência original, mas aqui ele apenas surge em algumas cenas e não tem nenhum papel importante para a trama. Talvez a ideia fosse remeter aos acontecimentos do filme do passado, porém Sutherland não diz nada, se cala e sua presencia é totalmente desnecessária.

Assista ao trailer!