Alágbedé

XVII Festival Panorama Internacional Coisa de Cinema: Alágbedé

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O Centro de Salvador é um local repleto de importância, história e ancestralidade. E é nele que se passa o curta-metragem Alágbedé. Localizado na Ladeira da Conceição da Praia, o arco de Zé do Diabo (José Adário dos Santos) é onde ele produz todo seu material artístico, ferramentas de orixás, a maioria feita a ferro. É daí que vem o nome do filme, inclusive. Esta é uma das nomenclaturas de Ogum, santo ferreiro.

Para contar esta narrativa, Safira Moreira (Travessia) dá voz ao José, que narra suas experiências, pensamentos e seus processos criativos. Na decupagem, os enquadramentos valorizam a sua figura e o espectador consegue se aproximar da personagem, através de planos um tanto longos, que revelam o local de trabalho de Zé, suas expressões faciais e sua arte.

Entre abrir o quadro e fechá-lo, o olhar para o protagonista se multiplica e este é um dos pontos qualitativos mais positivos da obra. Há a contextualização do espaço, a Ladeira também é uma espécie de personagem ali. Existe também toda a imponência, resistência e força de Zé, que é colocado em tão pouco tempo de projeção de forma intensa e imponente.

Talvez, o único aspecto que incomode um pouco e retire a força da produção seja a fotografia. Tanto pela iluminação quanto pela quebra constante de foco da câmera, a nitidez da imagem se perde, em alguns momentos, desconectado o público do que está sendo mostrado.

No entanto, este fator não compromete a totalidade de Alágbedé, que apresenta um tema relevante, com uma direção consciente, que imprime na tela com destreza o que deseja mostrar. São doze minutos de sessão que abarcam ancestralidade e um histórico tão profundo de uma forma bastante completa.

Direção: Safira Moreira

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