Se Algo Acontecer... Te Amo

Crítica: Se Algo Acontecer… Te Amo

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Logo no início da projeção de Se Algo Acontecer… Te Amo é possível compreender que as duas personagens principais passaram por algo intenso e triste, que  faz com que se sintam afastados. Os símbolos vão sendo postos gradativamente. Há a distância física e emocional entre o casal, imprensas em seus corpos que ficam longe e nas expressões faciais de súplica e dúvida. O fato das cenas estarem em preto e branco também contribui para a criação da atmosfera de melancolia. Os traços da animação lembram rascunhos de desenhos, remetendo, novamente, as sensações colocadas na trama. Os elementos em cores vão surgindo pontualmente e fomentando a história.

Enquanto a narrativa avança, a descoberta dos lamentos da dupla é mostrada, ao lado de uma metáfora que ajuda bastante no fomento da força do curta-metragem. O luto cobre a narrativa inteira e para deixar mais claro ainda os sentimentos ali presente, três figuras aparecem para representar o que está acontecendo, que são estas espécies de almas – as sofridas dos pais e a da menina falecida, que é apenas memória, agora. Enquanto a esposa e seu marido vão se reaproximando, neste reencontro metafórico, o incidente que provocou a perda da filha vai sendo revelado.

Ao mesmo tempo, alguns momentos da vida da criança aparecem na tela. Esta escolha tem pontos positivos e negativos. Ao mesmo tempo em que ela provoca a criação de empatia do espectador para com a garota e conta um pouco da relação dela com os pais, isto também soa como uma escolha apelativa, pelo momento que esta recordação aparece, logo antes da explicação de como a jovem morreu.

Se Algo Acontecer... Te Amo

Esta vontade de emocionar fica também forçada na seleção da música melancólica, que reduz um pouco o ritmo da obra. Ela dita o tom do filme inteiro, fazendo com não exista gradações. Até nos breves instantes de felicidade, o background se faz presente, acabando com as curvas da obra, deixando-a, praticamente, retilínea.

Ainda assim, a produção consegue contar o que deseja de maneira sutil e cuidadosa, pois põem para os últimos segundos de exibição a razão principal dos lamentos trazidos no enredo. Por mais que o luto seja avassalador, a decisão de tratar sobre ele de maneira poética, faz com que o assunto possa aparecer sem afastar o público de prestar atenção no debate que é ali proposto. Mesmo que apele, em algumas partes, Se Algo Acontecer… Te Amo não desvia a atenção do que quer denunciar.

Diretores: Michael Govier, Will McCormack

Assista ao trailer!

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