O Crime é Meu

Crítica: O Crime é Meu

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3.5

O Crime é Meu é mais um longa do ótimo diretor François Ozon, responsável por excelentes obras como Dentro da Casa (2013), Jovem e Bela (2013) e Graças a Deus (2019). Baseado na peça Mon Crime, de Georges Berr e Louis Verneuil, o filme é uma dramédia que conta a história da jovem Madeleine (Nadia Tereszkiewicz, Babysitter), uma pobre atriz dos anos 1930 que foi acusada pelo assassinato de um produtor famoso. Ao invés de tentar sair da situação e provar que não teve participação, ela resolve assumir a culpa e acaba se dando muito bem com isso.

A parceria feminina que ela estabelece com a advogada e melhor amiga Pauline (Rebecca Marder, Encontros) a leva à absolvição do caso. A partir daí, sua vida muda completamente. Ela sai do ostracismo para a fama em pouquíssimo tempo e começa a se aproveitar da circunstância para finalmente mudar sua realidade. O problema é que a verdade ameaça bater na porta a todo momento, colocando em perigo essa nova vida de deleite que ela começou a experimentar.

Tudo torna-se muito irônico nesta história e o diretor faz excelente uso destes artifícios para criar um cenário bem caricato da França daquela década. Com toques importantes e assertivos de humor, o filme passeia pela borda sem pecar pelo excesso, o que o levaria a se tornar mais uma comédia sem grandes argumentos.

O Crime é Meu

A dualidade do que é certo ou errado, mentira ou verdade, faz com que o espectador vá se envolvendo com a trama a todo momento e se divertindo com suas protagonistas cativantes. Afinal, se a sociedade machista oprime tanto a mulher, é realmente maravilhoso vê-las tirando proveito de qualquer circunstância que se apresente.

Temos ainda a participação impagável de Isabelle Huppert (Sra. Harris vai a Paris) que interpreta a atriz famosa do passado que foi esquecida e quer tirar uma casquinha deste sucesso que o crime permitiu. As suas multifacetas sempre rendem personagens interessantíssimos.

O Crime é Meu é uma obra divertida que traz, com leveza, diversas pautas femininas que são importantes ainda nos dias de hoje (e o serão por um bom tempo ainda). Ozon faz escolhas inteligentes do uso de flashback que só acrescentam a trama. A ambientação, fotografia e figurinos são impecáveis, compondo ainda mais a história do roteiro como um todo. Ainda que tenham alguns percalços no caminho, o resultado do filme é bastante positivo.

Direção: François Ozon

Elenco: Nadia Tereszkiewicz, Rebecca Marder, Isabelle Huppert, Dany Boon, Fabrice Luchini, André Dussollier, Édouard Sulpice, Félix Lefebvre

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