Rosa – A Narradora de Outros Brasis

Festival de Cinema de Vassouras: Rosa – A Narradora de Outros Brasis

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Procurando contar a jornada de uma das maiores carnavalescas do país, a Rosa Magalhães, o documentário Rosa – A Narradora de Outros Brasis é coeso, ainda que dentro de toda uma estética tradicional. Com uma estrutura que mescla entrevistas e imagens de arquivo, o que mais instigante aqui é acompanhar os relatos da protagonista, bem como conhecer todo universo que a cercava. Dentro desta lógica, é possível compreender como funcionava todo o processo de seus desfiles. 

Neste sentido de conseguir revelar as facetas plurais de sua personagem principal, que também era figurinista, cenógrafa e professora, o longa-metragem é bem sucedido, pois ambienta o seu público, através de depoimentos ricos de informação. Para quem é de fora do sudeste, por exemplo, a dimensão do trabalho de Rosa fica bastante palpável nas falas dos entrevistados e nas próprias filmagens de seu trabalho em tantos carnavais.

Todavia, é preciso salientar que, pensando na importância que a artista e educadora representa, em termos de criatividade e identidade, as escolhas técnicas e estilísticas frustram o espectador que espera mais de um doc do que as famosas “cabecinhas flutuantes”. Outros recursos de linguagem poderiam ter sido utilizados para deixar a narrativa mais dinâmica e menos cansativa. 

Mesmo que mantivessem um formato mais comum, elementos da tecnicidade audiovisual conseguiriam fomentar o ritmo do longa. Seja em termos de decupagem, iluminação e mise-en-scène, a equipe parece confiar no potencial da história de Rosa e somente nele, sem convocar ferramentas cinematográficas que aumentassem a capacidade da produção, elevando a qualidade de seu resultado geral. 

Rosa – A Narradora de Outros Brasis é uma obra que não traz grandes defeitos, que incomodem ao ponto da conexão com o enredo ser quebrada. Existe um carisma das personagens que aproxima quem assiste de todo aquele contexto que está sendo mostrado. No entanto, uma trajetória tão forte e inventiva como a da Rosa merecia um esforço maior, uma engenhosidade expressiva, algo menos cômodo. 

Direção: Valmir Moratelli, Libário Nogueira

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