O Bom Velhinho Voltou

Crítica: O Bom Velhinho Voltou (Netflix)

0.5

Os fãs de filmes natalinos ficam ávidos por novas produções quando o final do ano começa a chegar. No meio do caminho, é possível encontrar obras de múltiplos gêneros e qualidades. Quando se fala em comédias de Natal é notável que existem ali os seus clichês próprios e alguns elementos são bem aguardados. Com este pensamento em mente, o que se procura ao se escolher assistir algo como O Bom Velhinho Voltou é um mínimo de entretenimento, algo leve para passar as horas, uma distração.

Todavia, isto não é o que ocorre neste longa-metragem que, surpreendentemente, tem duas pessoas na direção e três no roteiro, mas nenhum olhar apurado para prever a vergonha alheia que estava prestes a sair do forno para o mundo inteiro consumir. Tem-se aqui, obviamente, particularidades já vistas em outras narrativas deste estilo. Há a família disfuncional, que se encontra em dezembro para celebrar os festejos típicos, mas que se depara com o fracasso de todos os planos para o feriado e os conflitos entre eles emergem.

A premissa é antiga, porém a grande questão do longa é a falta de habilidade de sua condução. Já desde os seus primeiros segundos de exibição o caos total é instalado. Começando com o tom bem acima – fomentado pelas atuações e músicas –, não há tempo para o espectador conhecer as personagens, pois as confusões e peripécias já são jogadas na tela antes de qualquer instalação de atmosfera. E os incômodos não param por aí! Não há tempo de respiro e exploração das relações dentro do enredo.

O Bom Velhinho Voltou

Todas as situações são superficiais. Em uma trama familiar é de se esperar que existam diálogos que investiguem as motivações das figuras em cena, mas isto nunca chega a acontecer, não de maneira aproveitável. Isto porque todos os momentos são interrompidos por uma tentativa de piada, de provocar um riso que não chega, pois também não existiu uma elaboração para a realização de tal intento. Desta maneira, falta equilíbrio e há uma ausência de compreensão de ritmo para que as situações cresçam durante a sessão.

Quando todas as cartas são gastas desde o princípio de O Bom Velhinho Voltou, resta apenas uma repetição infindável de momentos embaraçosos. Neste contexto, o público somente fica a par do que realmente é a proposta central já próximo do desfecho, no qual é preciso correr para contar o grande segredo que paira na família e do que a história realmente deseja tratar. Antes da revelação, acompanha-se tão somente os desastres que cercam aqueles indivíduos.

Para completar, falta sutileza para trabalhar todas as personagens, que são estereótipos dos estereótipos, totalmente planas e sem graça. O quarteto em destaque é, ainda, o maior problema. A protagonista, Carol (Nathalie Cox), é a control freak, que tem três irmãs tão exageradas quanto ela: Joanna (Elizabeth Hurley) é a pegadora, que troca toda hora de namorado; Paulina (Naomi Frederick) se veste toda de preto e está há muitos anos escrevendo uma tese, na máquina de escrever, inclusive; por fim, há Vicky (Talulah Riley), a caçula inconsequente que está sempre aprontando coisas insanas.

Todas estas características poderiam ser amenizadas e organizadas para que estas mulheres fossem tratadas com um mínimo de complexidade. Contudo, a caracterização, o roteiro e as interpretações somente fomentam estes tipos superficialmente expostos. Assim, O Bom Velhinho Voltou está longe de ser recomendável e é difícil de ver até o final.

Direção: Mick Davis, Philippe Martinez

Elenco: Nathalie Cox, Elizabeth Hurley, Naomi Frederick

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