Jogos Mortais X

Crítica: Jogos Mortais X

2.5

O primeiro Jogos Mortais foi lançado em 2004 e impressionou nas bilheterias com o seu orçamento modesto de cerca de US$ 1 milhão, rendendo mundialmente cerca de US$ 100 milhões. Com essa equação equilibrada a franquia sempre manteve uma margem de lucro que tornou possível manter nos primeiros anos a frequência de um filme por ano nos cinemas. Isso até decepcionar o público com algumas continuações que nunca fizeram justiça ao longa inaugural. O sucesso do projeto também tornou possível as carreiras do diretor James Wan, que de lá para cá assumiu filmes como Sobrenatural, Invocação do Mal, Velozes e Furiosos 7 e Aquaman, e do roteirista e atualmente também diretor Leigh Whannell, de Upgrade: Atualização e O Homem Invisível.

Com um relativo hiato, a franquia de terror Jogos Mortais promete retornar com Jogos Mortais X, mantendo a mesma lógica dos filmes anteriores: o vilão Jigsaw, John Kramer, vivido pelo ator Tobin Bell sequestra algumas vítimas e as coloca em um jogo sádico e extremamente arriscado para suas vidas e integridade física. No entanto, diferente do que poderia ser esperado, Jogos Mortais X não dá continuidade a série a partir do último filme, mas apresenta eventos que ocorreram entre o primeiro longa e o segundo.

Na história, John Kramer (Bell) procura uma cura para a sua doença em uma médica que lhe promete um tratamento milagroso. Logo, o personagem descobre que tudo não passou de uma armação e sai em busca de todos aqueles que lhe deram uma falsa esperança de melhora do seu quadro clínico, empreendendo seus jogos violentos com aquelas pessoas.

Jogos Mortais X

Jogos Mortais X acerta na primeira hora ao investir parte do seu tempo na construção de um arco dramático para John Kramer, sublinhando a complexidade do vilão e o talento de Tobin Bell, que, mais uma vez, domina as atenções do público com a frieza de Jigsaw, mas também com suas dores pessoais e seu laço afetivo com Amanda (Shawnee Smith), seu braço direito. O longa também acerta na direção das suas sequências de violência gráfica, esgarçando as possibilidades do gore. Como nos melhores títulos da franquia, Jogos Mortais X traz muitos daqueles momentos que certamente vai fazer o espectador se contorcer na poltrona ou, por vezes, fechar os olhos, como a cena em que um personagem destrói os próprios braços para retirar uma bomba alojada por Jigsaw nesses membros.

É uma pena que Jogos Mortais X derrape tanto em seu desfecho. Isso acontece sobretudo pela ânsia que o filme tem de tornar John Kramer uma espécie de herói anárquico ao trazer uma vítima das artimanhas de Jigsaw pior que o próprio protagonista. Jogos Mortais X cai na armadilha que parte das franquias caem ao trazer um ponto de vista borrado sobre justiça e punição com uma vítima que só serve para enaltecer as ações criminosas do seu vilão. Como se não bastasse o teor questionável dessas ideias, elas são apresentadas no longa de maneira “atabalhoada” em uma reviravolta que só prejudica uma experiência de horror que vinha sendo desenvolvida de maneira interessante e eficiente nas primeiras horas do filme.

Direção: Kevin Greutert

Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Synnøve Macody Lund

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