Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Crítica: Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

4.5

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso finalmente chegou aos cinemas para deixar os fãs mais assíduos em polvorosa. Depois do enorme sucesso que foi o primeiro longa Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), que rendeu até o Oscar de Melhor Animação, não é de se estranhar a ansiedade de todo mundo para saber os próximos passos de Miles Morales (Shameik Moore, Samaritano). E já posso adiantar sem o julgo de estar “emocionada demais” que ele é muito além do que poderíamos esperar.

Embora eu não seja a maior entusiasta de longas de super-heróis (apesar de gostar bastante de alguns específicos, como a franquia Vingadores), este personagem sempre me cresceu aos olhos. Tenho simpatia pela história, pelo humor, pelo protagonista. Ele é no estilo que eu imagino de bons filmes de heróis cheios de poderes que são, relativamente, palpáveis para nós. Então tem um “quê” de empolgação a mais ao ver um estudante comum escalando paredes e voando entre os prédios.

Morales, então, consegue fazer isso da maneira mais leve e descompromissada possível, ficando lado a lado com o Peter Parker de Tom Holland (Homem-Aranha: Sem Volta para Casa) com a personalidade mais parecida com o herói dos quadrinhos. Miles aqui sofre o luto pelo tio que se foi, enquanto sente saudades constantes de Gwen Stacey (Hailee Steinfeld, Bumblebee). Não pretendo, no entanto, entrar nas miudezas dos detalhes do roteiro, já que spoiler é algo que ninguém gosta.

O que mais me chama a atenção nesta produção é o quanto a dedicação da parte gráfica faz toda a diferença na experiência do espectador. Com menos de 20 minutos de exibição, eu estava pensando sobre o quão incrível é esta parte da franquia e como dá tão certo. Unir diversas técnicas, das mais antigas às mais novas, assim como as diferenças estéticas de cada período, resulta em uma explosão de cenários e possibilidades, transformando cada cena em um ato único. Isso pode vir a ser caótico, claro, em alguns momentos, quando vemos um excesso de técnicas misturadas. E, por vezes, me pergunto como deve ser assistir este longa para pessoas com sensibilidades visuais.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Diferente de outros filmes de multiverso que simplesmente jogam os personagens em qualquer realidade, como uma catapulta sem sentido entre o espaço e tempo, em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso nós temos sentido e qualidade. Sim, diversas realidades nos são apresentadas (talvez até demais), mas de uma maneira tão coesa e justificada, que não ficamos perdidos em momento algum com o que está acontecendo. Tem propósito em cada invertida de universo que vemos ali.

Como um grande serviço aos fãs, este longa traz inúmeros detalhes escondidos em meio a trama, como personagens que surgem do nada e cenas de filmes e animações anteriores. É uma combinação dedicada ao público fiel, mas não chega ao nível da bajulação, o que seria extremamente desnecessário. Afinal, ele não precisa convencer ninguém a gostar de algo que, obviamente, é excelente.

A evolução e transição dos personagens, principalmente a dupla principal, é uma das melhores partes de acompanhar da trama. Gwen e Miles sofrem as dores de seus mundos e como isso os transforma como seres humanos, saindo da adolescência enquanto são empurrados para a maturidade sem dó. É um choque de realidade ao se dar conta que não há alternativa a não ser simplesmente aceitar os fatos como são e ter resiliência para lidar com eles.

Assim como no longa anterior, vai ser difícil encontrar alguém que não tenha gostado ou se apaixonado por Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. A riqueza de detalhes, a qualidade do enredo, os personagens envolventes e bem aprofundados, fazem com que o espectador fique deslumbrado a todo momento com aquilo que nos é apresentado. Um resultado primoroso e dedicado que mostra o quanto uma animação tem a nos oferecer em termos de qualidade em cinema.

Direção: Joaquim Dos Santos, Kemp Powers, Justin Thompson

Elenco: Oscar Isaac, Shameik Moore, Issa Rae, Hailee Steinfeld, Karan Soni, Daniel Kaluuya, Jake Johnson, Jason Schwartzman

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