Desejo Proibido é o mais novo longa do diretor Tomasz Mandes, responsável pela trilogia 365 Dias, o que a gente já sabe que não é mérito nenhum na carreira dele. Inclusive, eu fui desavisada para a cabine de imprensa deste filme. Então eu deixo aqui a maior dica de todas: leiam seus e-mails com atenção, até o fim. Pois eu acabei caindo nessa furada.
E sim, pode parecer que eu estou num grande exagero ao criticar esse filme, mas eu te garanto que não. Desejo Proibido é tudo o que podemos repudiar como produção. O enredo é basicamente uma juíza de 50 anos que se envolve com o réu de um dos seus processos, um rapaz jovem, bonito e forte. Ela não poderia imaginar que ele é ex-casinho de sua filha.
Para começar, temos mais uma vez uma mulher sendo colocada no lugar de frágil e manipulável, que se rende aos desejos de um homem atraente, porque é emocionalmente carente de afeto. O roteiro consegue reduzir uma mulher que é bonita, bem sucedida, à alguém que se sente infeliz por causa de sexo. Pior ainda quando ela simplesmente quebra a ética da profissão para ficar com o cara, completamente do nada e sem propósito. A cena é tão mal feita e sequenciada, que eu pensei, inicialmente, que se tratava de um pensamento da protagonista. Antes fosse!
A medida que a gente “avança”, mais e mais desapreço pela figura da mulher e mais e mais enaltecimento da figura máscula do cara, mesmo que ele seja um merda oportunista. Só por ser gostoso e “varão”, o roteiro entende ele como alguém no controle da situação. Seguimos inserindo mais personagens rasos e desinteressantes, mesclando com cenas baratas de sexo que estão em cima da linha tênue da pornografia.
O antagonismo é tão ruim quanto o protagonismo. Personagens caricatos, uma filha frustrada que demonstra pouca consciência da situação, um “colega de trabalho” dele é que é mais pilantra do que qualquer coisa. É uma história pobre, seca, sem atrativos, sem nada. Ficamos por duas horas sendo bombardeados com uma colagem mal feita de cenas gravadas de qualquer jeito, quando parece que a produção gastou tudo para pagar os direitos dos atores de mostrar o corpo nu.
Eu pensei que as produções cinematográficas já tinham evoluído a ponto de entender que é possível, sim, falar de sexo, ter sensualidade, desejo, sem colocar a mulher como uma serva do macho e não reduzir ela a isso. O Amante de Lady Chatterley está aí para provar isso. Inclusive, vale a pena conferir na Netflix, para quem gosta deste gênero mais picante de filme.
Desejo Proibido não oferece absolutamente nada a seu espectador e até mesmo as cenas de sexo são inseridas tão aleatoriamente, que não despertam desejo algum. Se você resolver assistir, é por sua conta e risco. Estejam avisados.
Direção: Tomasz Mandes
Elenco: Magdalena Boczarska, Simone Susinna, Katarzyna Sawczuk
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