Crítica: Anna – O Perigo tem Nome

Em 1990, Luc Besson chegava aos cinemas com Nikita: Criada para Matar, trazendo para o centro da sua narrativa uma personagem feminina interpretada Anne Paurillaud, que vivia uma assassina sagaz. O longa teve uma boa repercussão e ajudou a cimentar a carreira do diretor em Hollywood com títulos de sucesso como O Profissional e O Quinto Elemento. Anna – O Perigo tem Nome possui paralelos com a empreitada de 1990 do cineasta, mas em meio à atmosfera de “retorno às origens” que o longa traz, falta ao projeto um pouco mais de pulso para distingui-lo no cenário contemporâneo.

Anna – O Perigo tem Nome conta a história de uma jovem que nos anos de 1980 se transforma numa modelo e logo em seguida entra para o mundo da espionagem colocando-se entre americanos e soviéticos numa trama cheia de reviravoltas. O filme acaba sendo um longa que mistura ação num cenário europeu que oscila entre o glamour do universo das top models e a atmosfera de perigo dos embates entre agentes infiltrados com cenas de ação que fazem justiça às melhores lembranças do diretor nessa seara.

Besson consegue sustentar o teor absurdo, irônico e levemente descompromissado da narrativa de Anna, entretendo o público na maior parte da projeção ainda que o filme cometa pecados na reconstituição de sua época (há muitos equívocos na ambientação dos anos de 1980 com tecnologias, utensílios e vestuários que não condizem com a época). A revelação de Besson da vez, a ex-modelo Sasha Luss segura as pontas nas sequências de ação e também quando é requisitada para exercitar o seu lado mais dramático. O longa ainda conta com um bom elenco de coadjuvantes que dá um plus no projeto, entre eles, Helen Mirren e Cillian Murphy.

Anna infelizmente se perde um pouco nos seus diversos twists. Besson costura uma narrativa cheia de revelações que parece inspirada nas bonecas russas que em certo momento são vendidas pela protagonista numa feira popular. Isso acaba fazendo com que a trama do filme se perca na cronologia e exercite a paciência do espectador. Acaba sendo uma história que se auto-sabota em inúmeros momentos pela insistência com a qual recorre ao fator “surpresa” como sinônimo de originalidade. Há bons momentos e é um entretenimento levemente satisfatório, mas, de maneira geral, não é o exemplar mais brilhante que o cineasta já entregou em sua carreira.

Direção: Luc Besson
Elenco: Sasha Luss, Helen Mirren, Luke Evans, Cillian Murphy, Lera Abova, Alexander Petrov, Nikita Pavlenko, Anna Krippa, Aleksey Maslodudov, Eric Godon

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