Ameaça Profunda

Crítica: Ameaça Profunda

Longas de suspense que exploram o desconhecido como artifício para criar a tensão no espectador. Essa não é a premissa mais inovadora do cinema, é bem verdade. Mas como eu costumo sempre dizer: não é necessário uma história ser exatamente inovadora para que possa funcionar. A construção de um filme vai muito além da originalidade. No caso de Ameaça Profunda, o excesso de faltas é que deprime a experiência do longa.

O filme já começa confuso e sem tempo para que o espectador se ambiente com a história. Depois de uma breve cena de reflexão de Kristen Stewart (As Panteras), a primeira explosão na plataforma submarina acontece, dando início a tensão que se prolonga até o fim. O roteiro se exime de apresentar os personagens, explicar um pouco mais do conceito da trama ou explorar geograficamente o local onde eles estão confinados. Partimos para a ação sem qualquer suporte ou apego emocional com a história.

Trata-se de uma plataforma situada em uma fossa abissal de mais de 10 quilômetros de profundidade, que tem o objetivo de explorar o fundo do oceano. Por si só, isso é suspense o suficiente. No entanto, o roteiro explora muito mal o seu melhor elemento. Como um compilado de várias narrativas, Ameaça Profunda mescla o medo do desconhecido, a escuridão, animais bizarros, a falta de ar e o confinamento. A falta de foco é o que prejudica a trama como um todo. Ao invés de eleger uma tensão principal e deixar as demais como acessório, o filme fica flutuando entre todas.

Ameaça Profunda

No quesito elenco, é como se todos estivessem sem ânimo para o longa. A própria Stewart parece ter regredido para a época em que era monótona em suas expressões, sem apresentar profundidade à personagem (o roteiro também a prejudicou neste sentido). O mesmo vale para Vincent Cassel (Crimes Ocultos), que é quase esquecido a maior parte do tempo e quando surge em cena, é apenas para compor o cenário.

O grande problema de Ameaça Profunda é que a história simplesmente não evolui. O mesmo empecilho se repete diversas vezes, fazendo o espectador se questionar se todo aquele esforço vale a pena. Quando finalmente somos apresentados aos reais vilões da história, o cansaço já tomou conta. Bichos assustadores que moram no fundo do mar, mas com características humanoides demais.

O longa caminha para um final esperado, sem surpresas e sem atrativos. Com apenas 90 minutos de duração, mais parece que o espectador acompanhou um longa imenso e cansativo. O diretor William Eubank (O Sinal – Frequência do Medo) soa muito preguiçoso ao preferir explorar o simples suspense da claustrofobia, do que focar nos animais aterrorizantes das fossas abissais.

Direção: William Eubank
Elenco: Kristen Stewart, Vincent Cassel, T.J.Miller, John Gallagher Jr., Jessica Henwick, Mamoudou Athie, Gunner Wright

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