Abracadabra 2

Crítica: Abracadabra 2

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Lançado em 1993, Abracadabra é um dos títulos juvenis mais cultuados dos estúdios Disney. Clássico da Sessão da Tarde no Brasil e sempre lembrado no rol de filmes de Halloween, o filme marcou uma geração. Era inevitável ser criança nos anos de 1990 e não ter sido de alguma maneira fisgado por esse longa. Apesar de ter sido “abraçado” por jovens de todo o mundo e da sua sequência constantemente ser pedida por fãs, a Disney sempre desconversou quando o assunto era uma sequência da história das irmãs Sanderson interpretadas por Bette Midler (A Família Addams, 2019), Sarah Jessica Parker (série Sex and The City) e Kathy Najimy (Um Crush para o Natal). Talvez por falta de confiança em um lançamento nos cinemas (nostalgia não seria o suficiente para atrair mais público para um longa lançado no início dos anos 1990), o projeto só vingou enfim na era dos streamings. Com o lançamento do Disney Plus em 2019, Abracadabra 2 foi um dos primeiros filmes originais a receberem sinal verde nesse novo momento da indústria audiovisual.

A premissa da sequência, a princípio, segue um esquema bem parecido com o primeiro filme. Um grupo de jovens é surpreendido com o aparecimento das irmãs Sanderson em Salem e devem mover esforços para impedir que durante uma noite as bruxas façam um verdadeiro estrago na cidade. Nesse sentido, em alguns momentos, Abracadabra 2 soa derivativo, se esforçando pouco para explorar outras possibilidades na trajetória dessas personagens nas telas. O esquema de ação “crianças fugindo das Sanderson e confabulando armadilhas contra o trio” segue como engrenagem da comédia dirigida agora por Anne Fletcher (A Proposta).

Abracadabra 2

Como elementos adicionais dessa sequência, o público acompanhará a origem das irmãs bruxas, bem como a formação de um novo grupo de jovens mulheres que adquirem poderes fantásticos. A sequência ainda valoriza no terceiro ato os laços afetivos das Sanderson, trazendo como ineditismo a tomada de consciência da arrogante Winifred, personagem de Midler, do afeto que sente pelas irmãs. Nesse sentido, a partir daquilo que desenvolve em seus dois covens de bruxas, Abracadabra 2 é um filme que frisa a importância da ideia de sororidade nas relações entre mulheres, o que é uma mensagem bastante positiva para um público mais jovem que faz coro ao espectador mais nostálgico pela volta das Sanderson.

Claro que o ponto alto da produção é o carisma e a personalidade que Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy conferem ao trio de bruxas. Experientes, as atrizes retomam suas antigas criações e o fazem sem maiores dificuldades. Nem parece que já se passaram quase trinta anos do lançamento do longa original, as atrizes dominam totalmente a personalidade daquelas personagens. A dinâmica das Sanderson nas telas segue explorando o choque das bruxas com elementos do mundo contemporâneo, o que rende cenas hilárias envolvendo sensores de lojas e assistentes virtuais, por exemplo. O trio também protagoniza alguns vibrantes números musicais – e se em 1993 Winifred, Sarah e Mary interpretaram uma versão de “I put a spell on you” de Nina Simone (memorável), dessa vez elas performam para o público “One way or another” de Blondie.

Tendo potencial para ser mais ambicioso do que é, algo que fica evidente no terceiro ato da história, onde estão as ideias mais originais dessa sequência, Abracadabra 2 é um entretenimento que apesar disso não faz feio com o público. O filme que chega por streaming tem tudo aquilo que é capaz de agradar aos fãs antigos das personagens e conquistar uma nova audiência que não conhece ainda o icônico trio de bruxas da Disney.

Direção: Anne Fletcher

Elenco: Bette Midler, Kathy Najimy, Sarah Jessica Parker, Doug Jones, Whitney Peak, Froy Gutierrez

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