A Órfã 2: A Origem

Crítica: A Órfã 2 – A Origem

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A Órfã foi lançado comercialmente em 2009 sob a condução de Jaume Collet-Serra, diretor que está prestes a estrear Adão Negro, a mais recente produção da DC nos cinemas. O longa de terror sobre uma garota adotada por uma família que no terceiro ato se revela uma psicopata com hipopituitarismo, condição que faz com que, mesmo na idade adulta, o corpo daquele que a tenha possua características de uma criança, não foi um sucesso instantâneo, conquistando o seu público com o passar do tempo. Assim, infelizmente, a concepção de uma continuação demorou, demais até.

A sequência do filme de 2009 chega para o espectador mais de dez anos depois do lançamento do longa seminal e o principal obstáculo para a produção foi a escalação da sua protagonista. Intérprete de Esther em A Órfã, a atriz Isabelle Fuhrman já é uma mulher de 25 anos, ou seja, a aparência infantil que garantia credibilidade às artimanhas da sua personagem para enredar suas vítimas ficou para trás. A produção da sequência teria a opção de escalar uma outra atriz para interpretar Esther, mas resolveram manter Fuhrman no papel principal utilizando alguns truques de efeitos práticos e o uso de dublês para dar credibilidade à aparência infantil da vilã. Tudo era ainda mais desafiador tendo em vista que A Órfã 2: A Origem narra eventos que antecederam o longa original.

Em A Órfã 2: A Origem acompanhamos a fuga de Esther de um hospital psiquiátrico na Estônia e sua partida rumo aos EUA, onde simula ser a filha desaparecida de uma família bem abastada. A sequência até que se esforça ao trazer elementos interessantes para a trama principal. O gancho envolvendo a personagem de Julia Stiles (As Golpistas), mãe adotiva de Esther, acena para subversões no gênero na medida em que coloca a família adotiva da psicopata da história como uma ameaça igualmente perigosa e não apenas como vítima. No entanto, a atriz e Matthew Finlan, intérprete do seu filho, tem em mãos um roteiro que dá um desenvolvimento raso para seus vilões.

A Órfã 2: A Origem

Os truques usados para disfarçar a aparência adulta de Isabelle Fuhrman são ruins e distrativos. Desde o primeiro segundo do filme fica evidente que a equipe usa crianças como dublês nas tomadas em que Esther aparece de costas e quando a câmera dá um close em Isabelle Fuhrman os traços do rosto de uma adulta ficam evidentes. Diferente do longa de 2009 no qual tínhamos uma criança no protagonismo, em momento algum, A Órfã 2: A Origem torna crível a passabilidade de Esther como uma menina. O longa sequer consegue ter humor para lidar com tamanho absurdo. Ao usar filtros e paletas para disfarçar a aparência adulta de Fuhrman e que conferem ao longa tonalidades escuras ou de luz estourada, o filme ganha uma sisudez que sequer faz lembrar os exageros, a ironia e o absurdo que por vezes tomavam a produção de 2009.

No caso de A Órfã 2: A Origem, a falta de timing para um sinal verde na produção impôs desafios técnicos que não conseguiram ser contornados pela obra. A experiência de assisti-la é incômoda porque fica evidente ao longo de cada cena a presença de “gambiarras” que não disfarçam os problemas da escalação de Esther. O longa sequer tem a sagacidade para “brincar” com esses ruídos, que, por sua vez, atrapalham a experiência do espectador na medida que o põe para pensar o tempo todo nos artifícios da realização da história e não na trama que está sendo exibida.

Direção: William Brent Bell

Elenco: Isabelle Fuhrman, Julia Stiles, Rossif Sutherland, Hiro Kanagawa

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