Crítica: A Culpa É Das Estrelas

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Casal principal mostra sintonia na telona

 

Na ausência de grandes séries amorosas com lindos finais felizes, A Culpa É Das Estrelas chegou com uma proposta um tanto diferente, trabalhando bem um clichê romântico. O livro foi sucesso de vendas e cativou aos poucos públicos de todas as idades. Em sua maioria mulheres, como a própria sala de cinema pode provar. Com o pepino de adaptar uma história linda porém triste, o diretor Josh Boone soube ter a mesma delicadeza e sinceridade que o autor do livro, John Green.

O longa foca em Hazel Grace Lancaster, uma jovem que está com câncer terminal e beira a depressão. Preocupada, sua mãe pede que ela frequente um grupo de apoio a jovens que possuem a doença, na tentativa de compartilhar um pouco de sua dor e perceber que ela não é a única que passa por aquilo. Em um destes encontros, Hazel conhece Augustus Water, um garoto que já está sem câncer há mais de um ano, mas decidiu ir ao grupo em apoio ao amigo, que está prestes a ficar cego por conta da enfermidade. Apesar das diferenças iniciais, a dupla vai se conhecendo e se atraindo cada vez mais, construindo uma linda amizade que culmina com a paixão.

O tema por si só já é comovente, mas a história fica ainda mais triste em se tratando de um jovem casal apaixonado, que poderia ter o futuro pela frente, mas esse futuro simplesmente não pode ser planejado, já que ele pode não existir. No entanto, mesmo com o conteúdo da narrativa bastante pesado, por assim dizer, o enredo é bastante leve e flui com imensa facilidade. Para quem leu o livro, essa é uma boa surpresa, uma vez que a obra original segue exatamente esta premissa: apesar de toda a situação de morte eminente, os protagonistas têm bom humor e brincam com a própria realidade.

Apesar do filme falar sobre câncer, os personagens trazem uma leveza nata
Apesar do filme falar sobre câncer, os personagens trazem uma leveza nata

 

A escolha de casal é bem interessante. Shailene Woodley, que atuou também no recente Divergente, caiu muito bem no papel, mostrando toda a melancolia, sinceridade e ironia de Hazel. Até a magreza da personagem é focada, traduzindo toda sua situação física debilitada. Já o intérprete de Augustus, traz certa dualidade. Ele tem a perfeita característica do protagonista do livro, com sua autenticidade e comentários espertos. Um pequeno problema, talvez, seja que Ansel Elgort às vezes surge com uma face infantil demais, chegando a parecer mais jovem que a própria menina, que na história tem menos idade que ele. Mas toda a fofura do rapaz compensa essa questão, além da sintonia singular do casal.

Todos os demais artistas são uma agradável surpresa e se encaixam perfeitamente ao estereótipo de cada personagem do livro. Destaque especial para Nat Wolff, que interpreta o amigo do par romântico Isaac, aquele que perde a visão. A naturalidade do rapaz se destaca, mostrando que o desconhecido foi uma boa escolha para o papel. Engraçado mesmo é ver Willem Dafoe como o escritor louco, um papel bem diferente do que estamos acostumados a vê-lo, mas nem por isso ruim.

Toda a história segue com sutileza e isso é fundamental. Tratar de temas como câncer na adolescência é difícil, mas o autor do livro conseguiu mostrar que a vida segue, mesmo quando existe um limite definido por uma doença. Além disso, ele mostra que é possível tratar com humor a questão, mudando bastante daqueles cenários em que os pacientes simplesmente se entregam à doença. Na verdade, é justamente a questão da adolescência e sua alegria ponderando a doença devastadora.

Cenário em Amsterdã é super fiel ao livro no qual o filme foi inspirado
Cenário em Amsterdã é super fiel ao livro no qual o filme foi inspirado

 

O diretor foi muito fiel ao livro e isso só trouxe pontos positivos, afinal, é um bom livro. Até as roupas dos personagens seguiram as indicações da obra original, com a protagonista ligando muito pouco para moda e o rapaz com um estilo mais descolado. A trilha sonora também teve um olhar mais cuidadoso, incluindo até silêncios necessários para trazer um pouco da melancolia proposta. Seria perfeito, não fosse o funga funga no cinema, com todo mundo chorando. Aliás, é certeza de choro. Mas penso que todos imaginam isso, só de ler a sinopse. No entanto, super dá pra chorar em silêncio, né? Mas enfim…

A Culpa É Das Estrelas mostra que é possível trabalhar clichês e ainda assim atrair a atenção do espectador. À parte o frenesi que o livro causou, a história é boa, comovente e linda. Não tem como não gostar, como não se encantar pela relação amorosa dos dois. É algo como perceber o quanto reclamamos das coisas pequenas na vida, enquanto tem gente que apenas quer a chance de amar e viver esse amor intensamente. O filme mostrou-se, acima de tudo, uma excelente adaptação, justificando as filas imensas e salas de cinema lotadas.

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