The French Teacher – Um Amor a Três

7º BIFF: The French Teacher – Um Amor a Três

É muito difícil falar sobre um filme que possui diversas potencialidades, mas que se encaminha para seu pior lado possível. Em The French Teacher – Um Amor a Três o público acompanha a vida de Cleo (Marie Laurin), uma mulher que parece um tanto baqueada com a vida. Entre traumas, perdas e constante angústia, ela conhece um rapaz mais jovem que se apaixona por ela. O tema da diferença de idade não é algo novo de ser abordado no cinema, muito menos na ficção. Contudo, o como isto poderia ter sido feito ou até a exploração de outras chaves da narrativa de Cleo seria a chance de obter um resultado um tanto mais positivo.

No entanto, não é isto que acontece. No meio da projeção até há uma esperança de melhora, mas, pelo contrário, a situação piora bastante. Todo o incômodo vivido durante as 1h30 de exibição pode começar a ser justificado pelo roteiro que é completamente perdido. Clara Gabrielle (Nada em Comum) e a Laurin (A Criatura) não demonstram saber que história elas desejam contar. Os diálogos são expositivos e/ou tiram o espectador da própria realidade criada naquele universo ficcional. Um exemplo é na passagem do velório. Cercando a personagem intensamente, a questão entre Cleo e seu pai é abordada com nenhuma delicadeza e num rompante que não faz sentido algum. Isto porque o passado não foi suficientemente explicado, para um problema que tão grave e que é jogado na tela de supetão, com uma gritaria aleatória.

Além disso, os elementos vão sendo postos no enredo numa espécie de pistas falsas, chegando mais do que no texto e aparecendo em quase todas as searas da produção. Um local que mais chama atenção é a confusão com uso das temperaturas. No início, as escolhas parecem coerentes. A melancolia de Cloe combina com suas vestes azuis e com a luz ciano que a cerca. Quando o rapaz de seu interesse amoroso entra em cena, o vermelho e o magenta vão crescendo. Até que tudo isso some e os elementos ficam todos misturados e não soa como algo proposital.

The French Teacher – Um Amor a Três

O mesmo pode ser dito sobre a montagem. Em algumas sequências, fica uma sensação de que há um buraco entre uma situação e outra. Utilizando fades in e out constantemente, uma cena nega a outra imediatamente, deixando um pensamento sobre quais as intenções da equipe com aquelas seleções artísticas para a obra. O ápice desta percepção chega principalmente quando a figura da filha da personagem principal, a Sophie (Anna Maiche) surge na trama. Em certo momento, as duas estão jantando e brigam sem nenhum motivo aparente ou que tenha sido bem construído. Logo depois, elas estão tranquilas, papeando sobre amenidades. Esses tipo de ação é repetido o tempo inteiro até o desfecho do longa, sempre com uns cortes sem muita ligação e atuações sem um pingo de organicidade. Mas, claro, não dá para culpar os atores que precisam tirar repentinamente emoções, pausas, gritos e respiros.

O arremate final para o desagrado ao assistir The French Teacher – Um Amor a Três é o fato de que existe uma tentativa de evocar um triângulo amoroso entre Cleo, seu crush e a sua filha. Além da surpresa em consumir um trabalho com tanta mulheres envolvidas e a aposta central para o conflito ser a rivalidade feminina, é um tanto desconcertante como é realizado o atrito entre eles. Um exemplo é a cena da cama, em que os três dormem juntos e depois tomam café em silêncio. No mínimo, esquisito e totalmente desnecessário.

Direção: Stefania Vasconcellos
Elenco: Marie Laurin, Anna Maiche, Sean Patrick McGowan, Maude Bonanni, Michelle Arthur, Roberto Bonanni, Sean Patrick McGowan, Tina Masafret

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