Malévola: Dona do Mal está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil e a despeito de ser protagonizado pela atriz Angelina Jolie, marcando seu primeiro trabalho como atriz desde À Beira Mar, drama que dirigiu e co-estrelou ao lado de Brad Pitt em 2015, o filme também traz outra estrela hollywoodiana no elenco, a atriz Michelle Pfeiffer. Tendo em vista o recente movimento de revalorização do protagonismo feminino em filmes desde o movimento #metoo, em contraposição ao marcante descarte do cinema americano de suas atrizes na faixa dos 50 anos, é inevitável clamar por uma renaissance para a carreira de Pfeiffer.
Um retorno dos holofotes a Pfeiffer seria interessante pois a atriz tem em sua filmografia desempenhos notáveis e também porque suas empreitadas nos cinemas nos últimos vinte anos, apesar de contar com um grupo de entusiastas para títulos isolados como Revelação (2000) Hairspray: Em Busca da Fama (2007) e Mãe! (2017) não trouxeram o retorno da popularidade que ela merece. Não acredito que Malévola: A Dona do Mal fará muito por isso, então talvez seja importante relembrar alguns dos melhores trabalhos da atriz que justificam um comeback à altura do seu talento.
Elvira Hancock em Scarface (1983)
Scarface foi o primeiro grande momento de Pfeiffer nos cinemas. Dirigida por Brian De Palma e atuando ao lado de Al Pacino, a atriz interpretava Elvira Hancock, que ao longo do filme viria se tornar a esposa do protagonista do longa vivido pelo ator. Enquanto muitos críticos chamavam a atenção da beleza de Pfeiffer no filme, os mais atentos perceberia como a atriz criou junto com Pacino uma dinâmica “esquisita”, marcada pela falta de romance e pela nebulosidade de sentimentos.
Madame de Tourvel em Ligações Perigosas (1988)
A adaptação do diretor Stephen Frearse para a célebre peça de Pierre Chordelos, rendeu à Michelle sua primeira indicação ao Oscar, na categoria Atriz Coadjuvante. Opondo-se à malícia dos manipuladores personagens de Glenn Close e John Malkovich, Pfeiffer vive uma jovem marcada pela rigidez moral decorrente da sua religiosidade. Ao longo do filme, Pfeiffer retrata com sensibilidade os conflitos inerente à tensão que seus sentimentos pelo personagem de Malkovich lhe trazem.
Susie Diamond em Susie e os Baker Boys (1989)
Um ano depois de Ligações Perigosas, Michelle Pfeiffer surgia radiante em Susie e os Baker Boys, sua segunda indicação ao Oscar, desta vez na categoria Melhor Atriz. No filme, a atriz interpreta uma aspirante a cantora que acaba integrando as apresentações de dois músicos vividos por Jeff Bridges e Beau Bridges. Susie se envolve em um triângulo amoroso, mas os traços de sua personalidade não são restritos à sua vida amorosa, sendo cheia de carisma.
Selina Kyle/ Mulher-Gato em Batman: O Retorno (1992)
Na sequência do sucesso de 1989 de Tim Burton, o cineasta vai ao extremo na sua leitura pessoal e bastante singular sobre o universo de um dos mais populares personagens da DC Comics. Reescrevendo as origens da Mulher-Gato, Burton ao lado de Pfeiffer faz uma das mais brilhantes criações da atriz. Humilhada por uma sociedade misógina representada por seu chefe vivido por Christopher Walken, Selina dá à volta por cima e se transforma na Mulher-Gato.
A personagem trafega por uma linha tênue exercendo um senso de atração e perigo nos demais personagens e no próprio espectador. Uma das melhores interpretações em filmes do gênero até hoje ao lado do Coringa de Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas. Caso na época de seu lançamento os filmes de super-heróis tivessem o reconhecimento que têm hoje, poderia ser o filme que renderia mais prêmios na carreira de Pfeiffer. Pelo menos, no mesmo ano, a atriz foi indicada novamente ao Oscar de melhor atriz, desta vez por seu desempenho em As Barreiras do Amor.
Ellen Olenska em A Época da Inocência (1993)
Esse melodrama de Martin Scorsese é um dos melhores trabalhos da carreira do cineasta, comprovando que ele não sabe apenas conduzir tramas sobre máfias. O longa é uma adaptação do romance de Edith Wharton e traz Pfeiffer como Ellen Olenska, uma mulher à frente da sociedade. Olenska quer o divórcio do marido, com quem tem um relacionamento extremamente abusivo. Ela se apaixona por Newland Archer, advogado interpretado por Daniel Day-Lewis que é casado com sua prima, vivida por Winona Ryder.
Melanie Parker em Um Dia Especial (1996)
Na década de 1990, Michelle Pfeiffer protagonizou filmes de um gênero que acabou se tornando a especialidade da atriz nesse período, o romance. É dessa época títulos como Íntimo e Pessoal (1995), com Robert Redford, e A História de Nós Dois, com Bruce Willis. Entretanto, um dos títulos mais adoráveis é o romance de Michael Hoffman no qual Pfeiffer contracena com George Clooney. A atriz interpreta uma arquiteta que é mãe solo e acaba se apaixonando por um jornalista, também pai solo, durante um dia tumultuado. O filme apresenta uma leveza na medida certa para o gênero e traz Pfeiffer transbordando química ao contracenar com Clooney.