Zumbilândia - Atire Duas Vezes

Crítica: Zumbilândia – Atire Duas Vezes

A moda em Hollywood, atualmente, é ressuscitar histórias que aconteceram há muitos anos. Isso vai basicamente do receio de investir em projetos novos – já que a obrigação do super lucro é cada dia maior. O resultado são franquias sem fim, filmes que poderiam ser apenas um e viram trilogias, histórias que parecem nunca morrer. Zumbilândia – Atire Duas Vezes é a continuação do longa original que foi lançado há 10 anos, sem a menor intenção de ter uma sequência.

Já plenamente acostumados com as realidades de Zumbilândia, Tallahassee, Columbus, Wichita e Little Rock seguem caçando zumbis e buscando um lugar para se acomodar com segurança. Depois que eles finalmente chegam à Casa Branca e conseguem criar uma realidade praticamente normal, outros problemas de relacionamento vão surgindo. Paralelo a isso, os zumbis estão igualmente evoluindo, tornando-se cada vez mais difíceis de matar.

Não havia necessidade de uma continuação, é verdade. Mas ao menos eles conseguiram cumprir vários quesitos importantes com esse longa. O primeiro foi conseguir reunir o elenco original e o mesmo continuar funcionando tantos anos depois. Especialmente porque Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine) era uma criança na época e agora é adulta. Ou seja, mudou não apenas o físico como o estilo de atuação.

O quarteto principal foi apoiado por um ótimo grupo de coadjuvantes, que surgiam de repente e sempre com um elemento para acrescentar. A melhor de todas, definitivamente, é Zoey Deutch (Artista do Desastre), no papel da boba Madison. Poderíamos ter um problema aqui de subjugar a mulher e o esterótipo da loira burra. No entanto, o filme é debochado e o personagem acaba funcionando como uma alfinetada no que ele representa.

Zumbilândia - Atire Duas Vezes

Aliás, o deboche e o humor ácido é o que sustenta Zumbilândia – Atire Duas Vezes. Há algum tempo eu não dava tanta risada como neste filme. Risada sincera e divertida. É exatamente o que o longa é. Não vá esperando um grande roteiro, pois esse é bem clichê. Como a maioria das continuações não pensadas, ele começa com tudo certo (como foi deixado no filme anterior) e aí surge um problema, que foi uma criação aleatória do roteiro, que acaba desencadeando os eventos futuros. No que isso resulta? Um claro problema de ápice na história.

É exatamente esse o problema mais sério do longa. Ele caminha com muita linearidade, quando era para ser uma escalada para a glória, por assim dizer. Desta forma, o espectador tem uma impressão de monotonia, que não existe efetivamente. Mas é o que o ritmo nos induz.

Nada disso impede que Zumbilândia – Atire Duas Vezes funcione plenamente. É um filme que com certeza segue o caminho do antecessor e se apoia na sua trajetória, mas, ao mesmo tempo, tem função independente. Traduzindo: se você assistiu ao primeiro, excelente; mas se não assistiu, não vai deixar de entender o que acontece ali na narrativa. O que é muito bom, especialmente para uma continuação que surge tanto tempo depois, com novos públicos de interesse.

O compromisso claro deste filme é com a diversão e isso ele consegue cumprir com qualidade. Com a mistura de muito sangue, tiro, porrada e risada, Zumbilândia – Atire Duas Vezes consegue se tornar leve. Uma distração despretensiosa para o fim de semana, que certamente vai agrada muitas gerações.

Direção: Ruben Fleischer
Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Rosario Dawson, Zoey Deutch, Luke Wilson, Bill Murray

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