Assim como no quesito direção e filmes, as atuações de 2019 foram impecáveis. Sejam nas categorias principais ou coadjuvantes, os artistas mostraram alguns dos seus melhores trabalhos nesse último ano. Aqui vamos conferir o Especial Oscar 2020: Melhor Ator Coadjuvante. Apesar de não existirem surpresas na lista de indicados, a sua presença é interessante quando pensada no Oscar como um todo. O quinteto de indicados é formado por cinco conhecidos do Academy Awards, onde quatro já venceram ao menos uma vez. O irônico disso é que o quinto membro da lista (o que nunca venceu) é justamente o favorito do ano. Liderado por Brad Pitt o quinteto do Oscar 2020 na categoria “Melhor Ator Coadjuvante” conta com a presença de Joe Pesci, Al Pacino, Tom Hanks e Anthony Hopkins.
A base dessa lista começa com a dupla de atores de O Irlandês. Tanto Joe Pesci como Al Pacino estão longe de serem os concorrentes mais fortes. Pesci, evidentemente, mostra sua vitalidade ainda em cena, mas nada comparado ao seu desempenho vitorioso de Os Bons Companheiros. Joe, assim como a narrativa do longa-metragem, parece estar numa zona de conforto. Não existe agitação. Apenas é possível encontrar a linearidade do argumento de Scorsese e, da mesma forma, a linearidade em Pesci. Falta o brilho que ele já mostrou em outras produções.
Da mesma forma está Al Pacino. Apesar de ter reaparecido nas premiações com esse papel, sua dinâmica em cena pede mais. Existem momentos que ele parece estar retraído e, por isso, não explora suas possibilidades em cena. Faltam momentos em que a personagem de Pacino possa explodir o seu turbilhão de emoções que existem naquele momento da narrativa. Falta a característica tão marcante do ator de extrapolar o extracampo. O longa de Martin Scorsese é muito comedido em atuações – mesmo quando a cena pede mais – e isso afeta a performance tanto de Robert De Niro, que nem foi indicado, quanto de Pesci e Pacino.
Tom Hanks, no entanto, consegue já estar na disputa apesar do favoritismo ser declaradamente para Pitt. Hanks mostra que, apesar de questão de roteiro e direção, ele é capaz de ir além. A performance do ator é uma de suas melhores dos últimos tempos. Ao viver o famoso apresentador de um programa infantil, Fred Rogers, Tom traz toda a sensibilidade inerente a pessoa real. A todo momento o público é lembrado que existe uma tênue linha entre o mundo da fantasia e a vida real para Rogers. E essa precisão ao abordar essas nuances é brilhante. Tom Hanks está simplesmente emocionante e que tornam Um Lindo Dia na Vizinhança muito melhor.
Ainda no páreo pela estatueta, Anthony Hopkins surge como um exemplo estonteante. Sua interpretação do Papa Bento XVI em Dois Papas. Ao lado de Jonathan Pryce, Hopkins demonstra ainda ter muito o que mostrar e interpretar no cinema. Sua atitude em cena é impecável. Fernando Meirelles aproveita os pequenos detalhes tanto de Pryce como de Hopkins para potencializar os filmes. Esse embate cênico de gigantes cria um resultado soberbo merecedor das duas indicações. A autoridade que Anthony Hopkins demonstra na tela é produto de uma carreira recheada de coisas diferentes, mas que são complementares. Hopkins demonstra ser exatamente isso como ator – e aqui não foi diferente – ele é adaptável e assertivo.
Por fim temos o favorito da noite. Apesar de muitos afirmarem que esse é um prêmio por seu trabalho da vida, Brad Pitt deu uma de suas melhores performances da carreira. De fato ele não é um ator de trabalhos exclusivamente excelentes, mas existentes muitos que marcam e Cliff Both é um deles. Mais uma vez o roteiro de Quentin Tarantino permitiu que seu ator brilhasse. É incrível a forma como Pitt brinca com as minúcias do texto. Seus momentos em frente à câmera demonstram o resultado de uma carreira com cicatrizes de aprendizado e essa personagem é a sua redenção.
É divertido, tenso e saudoso ver Pitt em cena. Era uma Vez em… Hollywood proporciona para o público o vislumbre de um ator que tem qualidade quando se é exigida. Aqui Pitt está diante de um divisor de águas para a sua carreira que, em 2019, foi apenas de sucesso. Tanto nesse filme como em Ad Astra – Rumo às Estrelas, ele se provou merecedor de toda a pompa que envolve sua carreira. Brad Pitt não é mais o garoto bonito que aparece e Thelma & Louise como um objeto sexual. Ele é um ator experiente e com qualidade que vai dar o seu máximo quando for pedido.
Apesar de tudo isso, a imprevisibilidade da Academia merece ser pontuada sempre. Nada é certeza até que seja anunciado o(a) ganhador(a) de determinada categoria. Mas, sem sombra de dúvidas, Brad Pitt está invicto por merecimento. Resta aguardar os próximos capítulos dessa curiosa premiação e torcer para que, na noite de 9 de fevereiro, o desejado se concretize. Para saber dessas e mais apostas para o Oscar, fique ligado no Coisa de Cinéfilo!