Alguns filmes são um desafio para a escrita de uma crítica. O que falar de uma produção que se propõe, desde o início, a ser uma obra estilo sessão da tarde leve e boba? Não estou falando daqueles longas um tanto mais elaborados que acabava por chegavam no turno vespertino para a sorte do público, mas sim daqueles de qualidade a desejar, porém que alegravam as crianças por algumas horas. Nesta estilo de narrativa de A Grande Luta, o público acompanha Leo (Seth Carr), um pré-adolescente apaixonado por luta livre e que sonha em fazer parte deste universo.
Contudo, a sua realidade é bem diferente de sua imaginação e ele é um garoto franzino e sem popularidade. Tudo muda quando Leo encontra uma máscara mágica que o deixa com super poderes quando sempre que ele está usando o artefato. A partir daí, o enredo deveria deslanchar. No entanto, não é isto que acontece. Ainda que se parta da sua premissa, das suas prováveis pretensões e público-alvo, é possível avaliá-lo como uma projeção um tanto cansativa e repleta de barrigas.
A começar por sua extensa primeira parte, onde as sequências se repetem constantemente, seja nos problemas do menino com o pai e na partida da mãe dele ou no seu conflito com o bullying de alunos do seu colégio. Para piorar, as cenas das lutas também parecem se arrastar. A questão central aqui é a falta de dinamicidade ente o cotidiano do menino com a sua nova vida. Ritmo é um justamente saber balancear os elementos temporais e de ação. O que não é visto por aqui.
Se o espectador parar e avaliar que o foco são os embates e a ganha de habilidades de Leo, a força da produção cai mais ainda. Porque o ponto mais alto é a construção de relações do protagonista com os amigos e com a sua avó, Denise. (Tichina Arnold) e não a sua inserção no mundo da luta. Inclusive, se há um destaque durante a exibição é a construção de Arnold. Apesar de em alguns momentos ela passar do ponto, a atriz entrega um papel coerente, engraçado e que sabe quebrar a obviedade das piadas do texto, fazendo com elas cresçam. A sua dinâmica com Carr também é algo positivo. O carisma da dupla e o timing do jogo cênico deles cativa quem assiste.
No geral, A Grande Luta é um passatempo ok. Com algumas quedas em seu andamento, ele compensa por ter atores entrosados. Por ser dirigido por Jay Karas (Parks and Recration), conhecido por seu trabalho em séries de TV cômicas, e por possuir Zach Lewis (Klaus) no roteiro, a expectativa de ter uma sessão engraçada e animada se perde pela falta de habilidade em enxugar situações desnecessárias, como os repetidos encontros constrangidos de pai e filho, e aumentar situações empolgantes, como o uso dos poderes novos de Leo para enfrentar o crime ou os dias divertidos entre ele e os colegas.
Direção: Jay Karas
Elenco: Seth Carr, Tichina Arnold, Adam Pally
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