Velozes e Furiosos 10 é aquele tipo de filme que a gente sabe que é desnecessário mas que vai assistir mesmo assim porque já estamos há muito tempo acompanhando a saga de Dominic Toretto (Vin Diesel, Guardiões da Galáxia Vol. 3). No entanto, ele consegue se provar completamente necessário a medida que a história vai se desenvolvendo. Sei que sou uma grande fã de Velozes e Furiosos (sim, não faz sentido), mas posso provar o que estou falando aqui.
Dominic está curtindo a “aposentadoria” e sua família, algo que ele dá o maior valor e lutou tanto para ter e manter. Sua paz é perturbada quando um desafeto do passado retorna para vingar a morte do pai. Dante (Jason Momoa, Aquaman) é filho de Hernan Reyes (Joaquim de Almeida, Dupla Explosiva) morto há mais de uma década, lá em Velozes & Furiosos 5: Operação Rio. E é bom salientar que este é o primeiro filme, de dois, da finalização épica dessa franquia de sucesso.
É preciso compreender que com Velozes e Furiosos nós devemos sempre partir do pressuposto de que não há muito compromisso com a lógica e realidade, mas que tudo bem ser assim. Ninguém vai (ou deveria ir) assistir um longa desses esperando uma indicação ao Oscar. Mas o que diferencia esta franquia é que ela vem procurando ter algum nível de profundidade nos personagens, algo que fica muito claro aqui.
Todas as dores que afligem Toretto fazem dele viver no constante medo de perder aquilo que lhe é mais caro: sua família. Ainda que ele tente curtir ao máximo os momentos com o filho Brianzinho e com Letty (Michelle Rodriguez, As Viúvas), a sombra do perigo sempre paira. E é sobre isso que o filme trata. Se Dominic não exterminar de vez qualquer ameaça que ele tenha, não vai conseguir efetivamente relaxar e viver em paz.
Com cenas de ação muito bem construídas e orquestradas, Velozes e Furiosos 10 evolui com uma trama bem interessante que conecta vários fios soltos. São personagens entrelaçados e “ressuscitados” que são mais aprofundados, gerando conexão com o espectador. Há essa altura do campeonato, se tivéssemos aqui uma equipe de baixa qualidade, a franquia não se sustentaria da forma como se mantém. Aliás, vale pontuar que o que manter esta saga até hoje é a sua bilheteria ao redor do mundo, especialmente na América Latina, já que os EUA em si não é muito fã e costuma não prestigiar. E eles deixam isso bem claro quando botam o vilão para se criar aqui no Brasil.
Falando em vilão, Momoa deu seu sangue por esse personagem, que é a personificação de um psicopata. Ele está louco, perverso, sem critérios. Uma inspiração em o Coringa de Joaquim Phoenix misturado com o antagonista de 007 – Operação Skyfall, vivido por Javier Bardem. Muito bacana de ver!
Como um grande fim, o roteiro se esforça em dar motivo e consequências aos personagens. Todos têm seu momento de sucesso ali e sua importância destacada. Por sinal, podem esperar todo e qualquer ator que já apareceu nestas tramas – inclusive, na cena pós-crédito. Algumas não fazem muito sentido? Sim, mas a gente ignora isso pela grandiosidade da história.
Uma trilha sonora bacana, personagens carismáticos, cenas de ação mescladas com drama acertado, Velozes e Furiosos 10, no meu ponto de vista, não tem como dar errado. É aquela explosão de mentiras que nós amamos, afinal, não se pode esperar que uma franquia dessa tenha qualquer compromisso com a realidade. É para isso que estamos ali. É um filme desnecessário, sim. Excelente também.
Direção: Louis Leterrier
Elenco: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Jason Momoa, Tyrese Gibson, Ludacris, John Cena, Nathalie Emmanuel, Jordana Brewster, Brie Larson, Charlize Theron, Helen Mirren, Scott Eastwood, Sung Kang
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