Adaptações costumam ser um caminho perigoso no audiovisual. Seja nas narrativas seriadas ou nos cinemas, o resultado de um livro ou jogo querido levado para outra mídia pode ser desastroso. Quando se fala em adaptações de video games, o problema se agrava ainda mais. O histórico desastroso veio dos anos 1980 e continua até hoje com, por exemplo, o lançamento do altamente criticado Mortal Kombat (2021).
Ainda que tenham seus erros, adaptações como a série do HBO Max, The Last of Us (2023-) provam que ainda é possível mudar uma narrativa de mídia sem que ela perca a qualidade e/ou sua essência. Daí vem a ideia de uma nova versão, agora animada, do clássico jogo do Super Nintendo. O filme Super Mario Bros. O Filme, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (6), vem para apagar o fracasso de sua adaptação anterior.
Com a missão de conquistar os fãs frustrados há 30 anos e novos espectadores, a produção da Illumination tem uma missão nada fácil. Super Mario Bros. O Filme acerta na nostalgia nos momentos cômicos, nos easter eggs para os conhecedores do jogo, mas esquece de aprofundar a sua base narrativa. O problema que fica evidente logo nos primeiros 20 minutos de filme é, na verdade, uma questão estrutural da produtora.
Ainda que com sucessos de público, as animações da Illumination costumam ter uma narrativa rasa e majoritariamente infantil. Diferente de suas principais concorrentes, a Disney e Pixar, o estúdio que trouxe ao mundo a franquia Meu Malvado Favorito (2010-2022) tem dificuldades em tornar suas histórias mais densas. Possivelmente por uma questão de público, o costume não mudou e Super Mario Bros. O Filme segue essa máxima rasa em seu roteiro.
É preciso reforçar, no entanto, que esse pano de fundo infantilizado da história não faz de Super Mario Bros. O Filme um produto ruim. Isso apenas faz com que ela não alcance voos maiores. O exemplo disso são as gargalhadas e os sorrisos arrancados por momentos nostálgicos ao longo da curta uma hora e meia de duração.
O projeto se apega na máxima da empresa a ponto de reverter seus esforços narrativos em criar momentos engraçados e recheados de easter eggs. Assim, ir à sessão do longa-metragem esperando algo inovador ou profundo é frustração garantida. Por outro lado, se o público deseja um divertimento livre de reflexões existencialistas e bastante nostalgia, Super Mario Bros. é o filme certo.
Em meio ao turbilhão de cores vibrantes e memórias do clássico jogo do Super Nintendo, o longa tem um elenco de vozes extraordinário – seja em sua versão original como na dublagem brasileira. No entanto, é preciso enaltecer o trabalho da dublagem nacional, em especial em animações. O trabalho de voz dos atores e atrizes que participaram de Super Mario Bros. O Filme é extraordinário. Dublagem essa que é um dos elencos que ajuda a sustentar o filme, mesmo em seus momentos de deslize.
Assim, a tão aguardada produção sobre um dos jogos mais queridinhos da história irá divertir multidões e, possivelmente, ter uma arrecadação impressionante. Uma possível sequência ou spin-off é inevitável no mundo de hoje e em breve deve vir outras narrativas com o bigode mais famoso do video game. Apesar da sua falta de densidade e camadas narrativas, Super Mario Bros. ainda consegue ser um divertido programa em família num domingo à tarde.
Direção: Aaron Horvath e Michael Jelenic
Elenco: Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Charlie Day, Jack Black, Keegan-Michael Key, Seth Rogen e Fred Armisen
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