Rampage: Destruição Total é uma grande “besteira” com o intuito único e exclusivo de fazer volume na carreira da “mina de ouro” do cinema de ação Dwayne ‘The Rock’ Johnson. Ao longo do blockbuster baseado no game homônimo é provável que o espectador pare um instante e reflita: “Hollywood está mesmo disposta a transformar qualquer coisa em filme”. Na premissa, o astro vive um especialista em primatas que tem um vínculo muito forte com o gorila albino chamado George. Quando o macaco é vítima involuntária de um experimento científico que atinge ele e outros predadores o planeta fica à mercê de uma grande ameaça, já que isso acaba transformando-os em criaturas perigosíssimas.
No fundo, o longa é uma grande desculpa para colocar essas criaturas feitas com efeitos de computação gráfica em confronto, destruindo cidades e colocando a população em perigo. Além disso, é um óbvio pretexto para dar palco a ‘The Rock’, pondo em ação a sua persona carismática de herói de ação que segura as pontas das demandas físicas do seu papel e ainda consegue adicionar algumas “pitadas” de auto-deboche em suas interpretações. No mais, não adianta o espectador tentar encontrar alguma densidade no material pois não encontrará, ainda que, incompreensivelmente, ele queira aqui e ali dar uma seriedade à trama, o que acaba fazendo com que o filme perca muitos pontos no final das contas.
Quando Rampage abraça o entretenimento descompromissado que ele é e assume a sua absurda premissa, bem como a total falta de substância dos elementos da sua história, o filme sai ganhando, especialmente no grande confronto protagonizado pelas criaturas e por ‘The Rock’. Uma pena que o longa perca tempo com sua trama científica estapafúrdia como se, em alguns momentos, desejasse tecer considerações críticas sobre ética no trato com os animais. Vindo numa roupagem tão esdrúxula, a seriedade no tom desse discurso soa muitas vezes inapropriada. Para completar, há elementos equivocados no seu elenco, como a dupla de vilões interpretada por Malin Akerman e Jake Lacy, sempre over como se tivessem saído de algum cartoon, ou ainda o subaproveitamento de atores do calibre de Naomie Harris e Jeffrey Dean Morgan.
No final das contas, Rampage é exemplo vivo de que, muitas vezes, quando as razões para a existência de um filme são inócuas e os estúdios visam apenas o lucro, é mais honesto e coerente levar até as últimas consequências o teor absurdo do seu material. Falta um pouquinho de autoconsciência sobre a sua própria premissa no blockbuster e nem mesmo o carisma de ‘The Rock’, um protagonismo muitas vezes supérfluo na história, é o suficiente para salvar o dia.
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