Crítica: Operação Red Sparrow

Operação Red Sparrow é um filme que se deixa levar por caminhos estranhos. Utilizando a histórica tensão nas relações entre EUA  e Rússia legada pela espionagem na Guerra Fria, o filme traz a estrela oscarizada Jennifer Lawrence como uma ex-bailarina que passa a atuar como agente secreta de uma divisão do governo russo chamada Sparrow, especializada em treinar jovens para extrair informações de seus alvos por meio de técnicas de sedução.

Dirigido por Francis Lawrence, que já havia trabalhado com a atriz nos três últimos capítulos da franquia Jogos Vorazes (Em Chamas A Esperança partes 1 e 2), o filme acaba exibindo fragilidades pelos diversos ângulos que o espectador deseje observá-lo, revelando-se uma obra desarmônica, apática e que exibe fragilidade nos caminhos que opta trilhar. Há descompassos sensíveis por toda a narrativa.

Um dos elementos mais esquisitos de Operação Red Sparrow talvez seja aquilo que lhe confira uma certa singularidade se comparado com exemplares semelhantes, a especialidade da sua agente secreta interpretada por Jennifer Lawrence: seduzir seus alvos. Do treinamento da protagonista às suas primeiras ações em campo, o filme procura convocar uma sensualidade que não está em cena e que, por vezes, toma conta da primeira hora do filme de maneira excessiva. Todos parecem inescapavelmente vulneráveis e ter como ponto fraco a sua sexualidade, fazendo com que a premissa da obra se perca em situações artificiais que parecem viver entre a tensão de ousar com a liberdade sexual das suas personagens, mas também contê-la em função de uma audiência que não pretende afugentar.

Em outro momento, Operação Red Sparrow se rende a uma trama de “gato e rato” que oferece a protagonista a possibilidade de não mais atuar como sparrow. Nesse instante, o filme oferece uma trama de suspense que se desenrola de maneira arrastada ficando óbvio que quase duas horas e vinte de duração são demais. Ao mesmo tempo, acompanhamos um envolvimento amoroso protocolar e frio entre a personagem de Lawrence e do australiano Joel Edgerton, que se junta ao grupo de ótimos atores completamente desperdiçados pelo roteiro raso do filme (de Charlotte Rampling a Jeremy Irons). Não servindo como entretenimento e nem mesmo oferecendo novos horizontes criativos para seus envolvidos, Operação Red Sparrow não passa de um desperdício dado o porte classudo de sua produção.

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