O Menino Que Queria Ser Rei

Crítica: O Menino Que Queria Ser Rei

Não é de hoje que Hollywood faz leituras do conto do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Recentemente, o diretor Guy Ritchie fez o fracasso retumbante Rei Arthur com Charlie Hunnam e Jude Law no elenco, um esforço de fazer uma visão moderninha da história. Para retornar a um conto tão conhecido é preciso ter, no mínimo, uma certa inventividade na forma, de maneira que eventos e personagens de conhecimento popular garantam no público o prazer de uma revisita. Para isso, nem precisa repaginar por completo a história. O Menino Que Queria Ser Rei, no entanto, consegue construir uma versão com traços de contemporaneidade para o clássico que não soam oportunistas e resgata elementos familiares de maneira muito simpática.

Saído da cabeça do próprio diretor Joe Cornish, da comédia Ataque ao Prédio de 2011, O Menino Que Queria Ser Rei nos traz a história de Alex, um menino que mora em Londres com sua mãe e descobre por acaso a Excalibur, quebrando o encanto da sua permanência numa rocha. Logo, ele fica sabendo através do mago Merlin que é o sucessor do Rei Arthur e deve impedir os efeitos nefastos do retorno premente da feiticeira Morgana na Terra. Para isso, Alex deve buscar um grupo de jovens que lhe seja fiel, assim como Lancelot e os demais cavaleiros de Arthur.

O Menino Que Queria Ser Rei

Sustentado em caminhos e personagens conhecidos na cultura popular, Joe Cornish transforma O Menino Que Queria Ser Rei numa agradável sessão vespertina com ares juvenis que se sustentam num consciente senso de aventura e que não perde de vista o estabelecimento de elos da história com o público através de uma construção concisa de personagens e suas relações. Rapidamente nos afeiçoamos ao protagonista Alex e seus dramas na escola ou em casa, ao ir em busca do seu pai desaparecido.

Distante do apelo das grandes franquias recentes no cinema, que se baseiam em best-sellers do momento ou personagens de HQs, O Menino Que Queria Ser Rei acaba trazendo para o público um tipo de aventura medieval que vemos pouco nos cinemas, resgatando na memória afetiva algumas iniciativas de Hollywood nos anos de 1980. Ao mesmo tempo é um tipo de nostalgia que não deixa de estar em voga e ter exemplares lucrativos recentes, seja na TV ou streaming como Stranger Things, seja no cinema com It: A Coisa. No entanto, é interessante notar como essa aventura despretensiosa consegue se sustentar com as próprias pernas sem um artificialismo que predominou em adaptações infanto-juvenis como Percy Jackson ou As Crônicas de Nárnia. No fim das contas, rende uma sessão das mais agradáveis, ainda que exceda um pouquinho na sua duração.

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